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Milagres naturais

Os milagres do Êxodo sempre atraíram o interesse da ciência. E ela tem hipóteses para explicar cada um deles

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h34 - Publicado em 30 jun 2008, 22h00

Texto Tiago Jokura

A origem do povo de Israel está descrita no Êxodo, 2º livro da Torá, o texto sagrado dos judeus. Segundo a história, os descendentes de Abraão viviam como escravos do faraó egípcio, trabalhando na construção de obras no delta do Nilo. Até que Moisés matou um egípcio e decidiu fugir. Em sua fuga, recebeu uma mensagem de Deus para que libertasse seu povo e o conduzisse à Terra Prometida. Apesar da resistência do faraó, ele e seu povo empreendem a jornada de 40 anos, marcada por diversos milagres. Milhares de anos depois, o físico Colin Humphreys, da Universidade de Cambridge, analisou esses fenômenos e propôs explicações naturais para eles no livro Os Milagres do Êxodo. Em vez de desacreditar os milagres, elas os reforçaram, ao mostrarem como cada coisa aconteceu na hora e lugar certos para os judeus. Aqui, você verá as hipóteses de Humphreys para alguns eventos dessa história.

O chamado (Êxodo 3:2 e 3)

Ali o Anjo do Senhor lhe apareceu numa chama de fogo que saía do meio de uma sarça. Moisés viu que, embora a sarça estivesse em chamas, não era consumida pelo fogo. “Que impressionante!”, pensou. “Por que a sarça não se queima? Vou ver isso de perto.”

Hipótese:

Há duas hipóteses naturais para o fogo que não consumia a sarça, arbusto comum no Egito. A primeira diz que fendas no solo liberavam gás natural, abundante na região, para a superfície. O calor intenso permitiria a combustão do gás ao redor do arbusto, que apenas parecia queimar. A outra hipótese é semelhante: a diferença é que a fonte do fogo seria uma chaminé vulcânica, ocorrência comum em lugares onde já houve vulcões em atividade. Isso também explicaria a fertilidade do solo naquela área, o que teria atraído o rebanho de Moisés.

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As 10 Pragas do Egito (Êxodo 7:2 e 4)

Você falará tudo o que eu lhe ordenar, e o seu irmão Arão dirá ao faraó que deixe os israelitas saír do país… ele não os ouvirá. Então porei a minha mão sobre o Egito e com poderosos atos de juízo tirarei do Egito os meus exércitos, o meu povo, os israelitas.

Hipóteses:

1 e 2 – nilo em sangue e sapos mortos

O rio Nilo teria ficado vermelho graças à proliferação de algas vermelhas, produtoras de toxinas que matam os peixes e afugentam sapos e rãs. Ao fugir para as partes mais secas, eles invadem a cidade e morrem desidratados.

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3 e 4 – Enxames de mosquitos e moscas

Com a morte de sapos e rãs, predadores naturais dos insetos, mosquitos como o Culicoides canithorax e moscas-de-estábulo como a Stomoxys calcitrans multiplicam-se descontroladamente entre outubro e novembro.

5 e 6 – Morte do gado e chagas nas pessoas

As moscas-de-estábulo carregam vírus fatais para vacas e cavalos, que começam a morrer por causa dos enxames. E a infestação de Culicoides causam as doenças de pele nos egípcios. O cenário é grave entre novembro e janeiro.

7 e 8 – Chuva de pedras e gafanhotos

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A chuva de pedras seria, na verdade, de granizo, que fere homens e animais e destrói as plantações. O solo úmido atrai gafanhotos-do-deserto, que depositam seus ovos e, até março, devoram o que sobrou de alimento.

9 – Escuridão

Os 3 dias de escuridão em março seriam conseqüência de uma densa tempestade de areia, que trancafia os egípcios em casa. O fenômeno, conhecido como khamsin, é comum até hoje nessa época do ano.

10 – Morte dos primogênitos

Tradicionalmente, primogênitos têm o privilégio de se alimentar quando não há alimento para todos. Mas o benefício se inverte ao comerem os cereais contaminados pelas fezes de gafanhotos.\

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Vento a favor (Êxodo 14:21 e 22)

Então Moisés estendeu a mão sobre o mar, e o Senhor afastou o mar e o tornou em terra seca, com um forte vento oriental que soprou toda aquela noite. As águas se dividiram, e os israelitas atravessaram pelo meio do mar em terra seca, tendo uma parede de água à direita e outra à esquerda.

Hipótese:

1. Outro mar

Pela tradição, os judeus atravessaram o mar Vermelho pelo golfo de Suez. Mas o “vento oriental” faria diferença numa travessia pelo golfo de Ácaba. Neste caso, a rota do êxodo seria outra. E o destino, o monte Bedr, na Arábia Saudita.

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2. Sopro divino

A região do golfo de Ácaba registra a ocorrência de tufões. Então Humphreys supõe que um vento nordeste de 130 km/h poderia ter soprado à noite, empurrando a água do mar até as partes mais rasas do leito aparecerem como uma faixa de terra seca.

3. Leito favorável

Com esse vento, as “paredes de água” teriam entre 1,2 e 2,4 metros de altura. Mas elas só se formariam dos dois lados da travessia se houvesse alguma elevação acentuada no solo do mar, como um banco de areia, que ajudaria a separar as águas.

4. A passagem do rebanho

Humphreys sugere que eles fossem 20 mil, e não 2 milhões, como está na Torá, pois essa multidão não conseguiria atravessar cerca de 5 quilômetros numa noite. A confusão viria da tradução: a palavra eleph, do original em hebraico, significa “milhar” ou “grupos”.

5. Egípicios afogados

O milagre da travessia termina com o fim do caminho seco e os soldados egípcios que perseguiam os judeus afogados. A causa disso seria uma brusca interrupção do vento, que faria as águas voltar rapidamente, como grandes ondas.

Alimento que cai do céu (Êxodo 16:14, 15 e 30)

Depois que o orvalho secou, flocos finos semelhantes a geada estavam sobre a superfície do deserto. (…) Disse-lhes Moisés: “Este é o pão que o Senhor lhes deu para comer. (…) O povo de Israel chamou de maná àquele pão. Os israelitas comeram maná durante 40 anos, até chegarem às fronteiras de Canaã.

Hipótese:

Árvores do gênero dos tamariscos, que ainda hoje ocorrem na região da Arábia Saudita, produzem uma seiva doce que serve de alimento para alguns tipos de insetos. O pão que os judeus chamam de maná seriam gotículas de secreção produzidas por insetos que se alimentam da seiva, que caem como pequenos flocos cristalizados, semelhantes aos descritos no Êxodo. Rica em carboidratos, a seiva dos tamariscos fazia do maná uma fonte de energia essencial para uma multidão que caminhava dia e noite no deserto.

O outro endereço do Sinai (Êxodo 13:21)

Durante o dia o Senhor ia adiante deles, numa coluna de nuvem, para guiá-los no caminho, e de noite, numa coluna de fogo, para iluminá-los, e assim podiam caminhar de dia e de noite.

Hipótese:

Para Humphreys, o relato sobre as colunas de nuvem e fogo que orientam a caminhada do povo judeu e a descrição do monte em que Moisés sobe para encontrar Deus e receber os Dez Mandamentos é o registro mais antigo de um vulcão em erupção. Embora a tradição reconheça o monte Jebel Musa, na região do Sinai, como aquele citado no Êxodo, as características de vulcão – inexistente em qualquer monte da região do Sinai – sugerem que o monte citado na Bíblia seja o Bedr, situado numa região da Arábia Saudita que já teve atividades vulcânicas.

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