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Por Alexandre Versignassi
Blog do diretor de redação da SUPER e autor do livro "Crash - Uma Breve História da Economia", finalista do Prêmio Jabuti.
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Carta ao leitor: A vacina mais importante da história

As vacinas poupam 3 milhões de vidas por ano. Agora, se tudo der certo, salvarão mais de 50 milhões de uma vez só.

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Atualizado em 17 jul 2020, 18h54 - Publicado em 17 jul 2020, 14h55

“Vacina” vem de “vaca”. A palavra remete à criação da primeira vacina, no final do século 18. Edward Jenner, um médico inglês, reparou que muitos ordenhadores de vacas eram imunes à varíola – uma doença que provoca pústulas na pele e, em sua versão mais agressiva, mata 30% dos infectados. Jenner também percebeu que algumas vacas tinham pústulas nas tetas. Os ordenhadores que entravam em contato com essas feridas acabavam com pústulas nas mãos. E esses eram os imunes à varíola. O inglês, então, juntou A com B. Concluiu que a infecção das vacas conferia imunidade à versão assassina da doença.

A medicina da época desconhecia a existência de vírus, bactérias e anticorpos. Ninguém tinha noção sobre quais eram os agentes causadores de doenças. Só se sabia que quem sofresse certos tipos de infecção não pegava a mesma moléstia no futuro. Como a varíola sempre afligiu a humanidade, não faltava quem buscasse a imunização na raça mesmo. Na China do século 10, inoculavam uma substância feita a partir do pus de doentes de varíola em pessoas saudáveis, para ver se elas desenvolviam resistência sem pegar a doença.

Sem vacina, só há uma forma de atingir a imunidade de rebanho (o momento em que há tanta gente com anticorpos contra uma doença que ela deixa de existir): pelo menos metade da população mundial precisa pegar o vírus. O índice de morte por Covid, pelas estimativas mais recentes, é de 1,4%. Isso significaria 55 milhões de mortos

Era a “variolação”, que se espalharia pelo Ocidente mais tarde. Catarina, a Grande, czar da Rússia no século 18, passou pelo procedimento. Benjamin Franklin, seu contemporâneo, também. A variolação até funcionava, mas trazia um efeito colateral indesejado em alguns casos: varíola. E 3% dos inoculados acabavam mortos. Aí complica.

Jenner, então, decidiu variolar pacientes usando as secreções das feridas que apareciam nas mãos dos ordenhadores. Funcionou. Como a varíola de vaca é mais suave, os vacinados desenvolviam resistência sem colocar suas vidas em risco.

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A varíola ainda levaria quase dois séculos até ser erradicada. Mas a criação da primeira vacina foi o início de uma nova era. Hoje, elas previnem 3 milhões de mortes por ano. E é nas vacinas, claro, que está a esperança para o fim da Covid. Sem vacina, só há uma forma de atingir a imunidade de rebanho (o momento em que há tanta gente com anticorpos contra uma doença que ela deixa de existir): pelo menos metade da população mundial precisa pegar o vírus. O índice de morte por Covid, pelas estimativas mais recentes, é de 1,4%. Isso significaria 55 milhões de mortos no mundo – 2 milhões no Brasil. Um cenário intragável.

Logo, nunca se investiu tanto dinheiro, tanto trabalho, de tantos países na produção de uma vacina, destinada a salvar mais de 50 milhões de possíveis vítimas. Edward Jenner ficaria orgulhoso. Tanto quanto eu fiquei da matéria de capa da edição de julho da SUPER. Bruno Garattoni e Eduardo Szklarz produziram uma reportagem que elucida com uma clareza ímpar todas as complexidades da busca pela vacina. E mostram que o cenário é promissor.

Boa sorte para todos nós.

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