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Por Alexandre Versignassi
Blog do diretor de redação da SUPER e autor do livro "Crash - Uma Breve História da Economia", finalista do Prêmio Jabuti.
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Cuidado com os outros Trumps: quem quer ver o circo pegar fogo vai acabar queimado.

Se eu fosse dono de um site de fofoca, tentaria contratar Donald Trump como editor. Taí um cara que sabe entreter o público usando como ferramenta a própria selvageria enrustida do público. Parte da audiência de um site de fofoca, creio, é composta de gente besta que nem eu, que vê um link do tipo “Caetano […]

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Atualizado em 21 dez 2016, 08h50 - Publicado em 8 nov 2016, 13h22

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Se eu fosse dono de um site de fofoca, tentaria contratar Donald Trump como editor. Taí um cara que sabe entreter o público usando como ferramenta a própria selvageria enrustida do público.

Parte da audiência de um site de fofoca, creio, é composta de gente besta que nem eu, que vê um link do tipo “Caetano estaciona o carro no Leblon” e clica, cheio de culpa, com a certeza de que o ato vai fazer uns 500 neurônios cometerem haraquiri. Mas clica. E joga cinco valiosos segundos do milagre da existência pelo ralo só pelo prazer inconfessável de ver Caetano fazendo baliza em alguma travessa da Ataulfo de Paiva.

Dito isso, acho que boa parte dos eleitores de Trump pensa parecido. Muita gente que votou no sujeito ontem nem é tão lunático. É gente que quer diversão. Para esses pessoal, não basta mais Big Brother, O Aprendiz, Master Chef. Eles querem entretenimento na veia. Querem ver um filme merda, tipo “Um Gorila na Casa Branca”, com um personagem real “aprontando altas confusões”. O desejo desse eleitor é transformar o noticiário das 20h em recreação. Ele não quer um presidente governando. Quer um presidente mitando.

Sim, também existe outra explicação: o fenômeno Trump  reflete a ascensão mundial da direita linha dura, na esteira do Brexit e do ressurgimento da família Le Pen, os representantes máximos dos ultranacionalistas na França. Até na Alemanha a extrema direita xenófoba está crescendo. Lá os políticos evitam usar a palavra “povo” (volk) para não lembrar Hitler – o Führer, afinal, não cansava de repeti-la, e fez até um carro (wagen) com esse nome. Agora a terra da racional Angela Merkel tem sua primeira estrela política de extrema direita desde Adolf, a feroz Frauke Petry (a da foto ali em cima) – que começa a despontar como chancellerzável surfando na onda do ódio aos refugiados e do desprezo a bandeiras ambientalistas, como o controle das emissões de CO2 – ela nega o papel do dióxido de carbono nas mudanças do clima, e alega que sabe disso porque “é cientista” (ela formou-se em química). No Brasil não é diferente: de mitada em mitada, Bolsonaro só vê sua claque de bolsominions crescer.

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De volta ao ponto: também acho que nem todo o eleitorado de Frauke Petry, Marie Le Pen ou Jair Bolsonaro seja formado por radicais como eles, mas por gente que quer diversão. Que quer ver o pau comer. Que acha que testemunhar a lona do circo em chamas é simplesmente mais legal do que comprar um ingresso na bilheteria para assistir palhaços, mágicos e trapezistas profissionais. E até é mais legal mesmo – ao menos para quem não se importa grande coisa com os efeitos colaterais de um circo pegando fogo, como as mortes por asfixiamento e as queimaduras de terceiro grau na plateia. Esse tipo de eleitor esquece que faz parte da plateia.

Texto editado às 10h32 de 9/11

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