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Histórias esquecidas sobre os assuntos mais quentes do dia a dia. Por Felipe van Deursen, autor do livro "3 Mil Anos de Guerra"
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A verdadeira origem das festas do dia de São Patrício

Precisamos de mais uma data importada? Já não bastam as que temos?

Por Felipe van Deursen
Atualizado em 16 mar 2018, 13h39 - Publicado em 16 mar 2016, 23h17

Nos últimos anos, a discussão esquentou à medida que os textões nas redes sociais aumentaram. Por que diabos cada vez mais brasileiros pegam fila e pagam caro para comemorar o St. Patrick’s Day em bares das capitais (e também do interior) do país? Precisamos de mais uma data importada? Já não bastam as que temos? Além do mais, a comunidade irlandesa do Brasil é muito pequena, não chega nem a 2 mil pessoas. Então, pra quê?

Acontece que o hábito de celebrar o dia de São Patrício vestido de verde e bebendo muita cerveja da mesma cor não é coisa de irlandês. É um hábito daquele mesmo povo que faz de eleição presidencial uma grande temporada na TV cheia de ganchos para o próximo “episódio”. O mesmo país que usa o intervalo de seu mais popular espetáculo esportivo para, não satisfeito, realizar outro superevento, musical, pirotécnico, apoteótico.

O St. Patrick’s Day é mais um bem-sucedido produto da máquina de entretenimento americana. É o Super Bowl dos feriados nacionais.

A ORIGEM

No século 19, os imigrantes irlandeses nos Estados Unidos começaram a celebrar o 17 de março, dia de seu padroeiro, para lembrar o país de origem. Por décadas, era uma festa com pegada mais religiosa e, acima de tudo, essencialmente local. Somente cidades com grandes comunidades irlandesas, como Boston e Nova York, a comemoravam – e, mesmo assim, era algo restrito aos bairros de imigrantes.

Foi só no fim do século 20 que a festa ganhou ares mais nacionais, espalhando-se por pubs e paradas nas ruas de costa a costa. A partir de então, ela não parou de crescer, cruzou as fronteiras, passou a marcar os calendários de outros países e invadiu, por fim, a Ilha da Irlanda. Isso tudo é um movimento de 40 anos para cá.

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Então, se você já passou o Dia de São Patrício em Dublin, ficou com a cara verde e abraçou leprechauns, você não conheceu o “verdadeiro” St. Patrick’s Day, mas essa grande, bêbada e internacionalizada celebração criada pelos irlandeses-americanos do lado de cá do Atlântico.

O Brasil também entrou nesse radar verde. Nos últimos anos, o órgão de turismo irlandês, que abraçou a oportunidade, resolveu investir para valer. Hoje, a Irlanda não só reconhece como promove a festa originalmente americana. Muito por isso, o dia de São Patrício já é considerado a “data nacional mais famosa do mundo”.

O marketing é pesado. Em 2016, muitos dos cartões-postais mais icônicos do planeta ficaram verdes, como o Coliseu, a Torre de Pisa e o Cristo Redentor. Elevador Lacerda, Teatro Amazonas, arcos da Lapa e Monumento às Bandeiras engrossaram a lista de pontos turísticos brasileiros iluminados à irlandesa. Tudo promovido pelo turismo do país.

A festa é cada vez mais global. Em Tóquio, ela já tem mais de 20 anos e começou porque simplesmente uns japoneses se encantaram com a tradição e decidiram replicá-la. Em Nova Orleans, ela ganha também uma tradicional guerra de comida. Até na Estação Espacial Internacional São Patrício já foi lembrado – mais de uma vez.

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QUEM ERA SÃO PATRÍCIO?

E pensar que tudo isso começou por um homem que nem irlandês era. Patrício era um típico playboy inglês nascido por volta de 390. Tinha fazenda, escravos, privilégios. De família cristã, não dava bola para a fé. Até que, aos 16 anos, foi sequestrado e escravizado no interior montanhoso da Irlanda. Buscou na religião um escape para o sofrimento.

Sete anos depois, conseguiu fugir em um navio pirata, mas uma “voz” em sua cabeça dizia que devia retornar àquela terra. Voltou e tratou de introduzir o cristianismo aos gaélicos. Conseguiu, mas ficou séculos esquecido, até se tornar padroeiro do país. Hoje, o catolicismo é a maior religião da Irlanda, feito atribuído à introdução cristã de Patrício 1600 anos atrás.

Conforme a festa ganhou corpo, os símbolos irlandeses foram sendo incorporados, como o trevo e o pint de Guinness. Pintar o rio, por exemplo, foi algo que começou em Chicago, em 1962, quando os organizadores perceberam que um corante usado para detectar poluição deixava um rastro de verde brilhante.

A saga de um santo católico inglês que se tornou padroeiro da Irlanda inspirou uma festa globalizada, laica e etílica criada por americanos. No fim das contas, já que brasileiro é festeiro a ponto de fazer manifestação política com área vip, abadá e show, abraçar mais uma festa gringa não é nada mais do que isso. Apenas mais uma festa, quase tão universal quanto o rock ou a cerveja.

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