Assine SUPER por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Coluna Carbono Zero: O aquecimento que gera mais aquecimento

Degelo do Alasca libera gás metano – que retém ainda mais calor na atmosfera.

Por Salvador Nogueira
Atualizado em 12 dez 2022, 16h01 - Publicado em 18 nov 2022, 10h25

Texto Salvador Nogueira

Uma das questões mais perniciosas das mudanças climáticas é que estamos falando de um sistema muito complexo, que se retroalimenta.

Um exemplo cada vez mais evidente disso está surgindo no extremo norte das Américas. No Alasca, novos lagos estão brotando do nada – e se tornando impulsionadores poderosos de mais aquecimento.

O aumento da temperatura média, com verões mais quentes, promove o derretimento de permafrost – gelo misturado ao solo, logo abaixo da superfície. Ele se transforma em água e há o colapso da superfície, que afunda. Nasce um lago.

E o maior problema vem em seguida: o material orgânico que até então estava congelado passa a ser consumido por microrganismos metanógenos. Aí esse metano passa a borbulhar da água em copiosas quantidades. E o metano retém 100 vezes mais calor na atmosfera do que o CO2.

Continua após a publicidade

Um desses novos lagos ganhou o nome de Big Trail. Cinquenta anos atrás, ele nem existia. Agora, é uma das maiores fontes emissoras de metano no Ártico. E está bem longe de ser a única.

Do Alasca à Sibéria, o processo de derretimento está impulsionando as emissões de metano. Que por sua vez aumentam o efeito estufa. Que por sua vez eleva a temperatura média do planeta. Que por sua vez produz mais derretimento de gelo. E por aí vai, em retroalimentações extremamente perigosas.

No Brasil, existe uma preocupação grande com um processo similar, no que diz respeito à Amazônia. Um desavisado pode achar que, mesmo com a aceleração brutal do desmatamento em anos recentes, ainda resta muita floresta em pé.

O problema é que, segundo modelos climáticos, a Amazônia está chegando a um limite perigoso em que o próprio ecossistema perde sua sustentação. Isso tem a ver com a interação da floresta com o ciclo hidrológico e o regime de chuvas. A partir de um dado encolhimento, a floresta tende a diminuir sozinha, sem qualquer ajuda externa.

É o processo de savanização, que por sua vez terá consequências terríveis para o regime de chuvas nas áreas agricultáveis do Brasil.

São essas interações complexas que fizeram a comunidade internacional aos poucos substituir o termo “aquecimento global” por “mudanças climáticas”. Não quer dizer que o anterior estivesse errado; a Terra de fato está esquentando.

Mas os efeitos vão muito além disso. O mais inteligente a se fazer é batalhar para restaurar o equilíbrio anterior. Para a sobrevivência humana, deixar todo o metano do Ártico borbulhar para a atmosfera (ou permitir que a Amazônia encolha até sumir) simplesmente não é uma opção.

Continua após a publicidade
Compartilhe essa matéria via:
Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Super impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 12,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.