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Energias renováveis devem superar o carvão já em 2025, diz relatório

A Europa vive uma grave crise energética. Mas isso também acabou impulsionando os projetos de geração eólica e solar - que deverão se tornar as principais fontes de eletricidade do mundo nos próximos anos.

Por Bruno Garattoni Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 27 dez 2022, 15h16 - Publicado em 27 dez 2022, 15h04
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  • Texto Renata Cardoso e Bruno Garattoni

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    A produção de energias renováveis no mundo vai quase dobrar até 2027 – e, já nos próximos três anos, elas deverão ultrapassar o carvão e se tornar as maiores fontes de eletricidade no mundo.

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    Essa é a boa notícia trazida pelo novo relatório da Agência Internacional de Energia (IEA), publicado este mês. O crescimento da energia limpa será quase 30% superior ao que havia sido previsto na última edição do relatório, em 2021. 

    O principal motivo para essa alta é a crise energética desencadeada pela Guerra da Ucrânia, que já dura quase um ano. A Rússia invadiu o país vizinho, e por isso sofreu sanções econômicas dos Estados Unidos e da União Europeia.

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    Moscou respondeu diminuindo o fornecimento de gás natural à Europa, fazendo o preço dessa commodity (que os países europeus queimam para produzir eletricidade, nas usinas termelétricas) disparar. No acumulado do ano, o aumento é de cerca de 220%. 

    Os Estados Unidos aumentaram suas exportações de gás para a Europa (ele é liquefeito e transportado de navio até o Velho Continente), para tentar compensar a falta da matéria-prima russa. Mas não adiantou muito: o gás liquefeito não está disponível em grande quantidade no mercado – o que manteve os preços elevados.

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    Esse contexto geopolítico acabou disparando um alarme nos países da União Europeia, que precisam investir na geração de energia – ou continuarão à mercê de seus fornecedores. 

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    Um exemplo dessa mobilização é o plano REPowerEU, da Comissão Europeia, órgão que representa os interesses dos 27 países membros do bloco. Lançada em maio, a estratégia propõe aumentar a participação de fontes renováveis, como solar e eólica, para 45% até 2030. Hoje, as fontes limpas são responsáveis por cerca de 34% da produção energética do bloco.    

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    A IEA calcula que as energias limpas deverão representar mais de 90% da expansão da capacidade energética mundial nos próximos cinco anos. “O mundo deve adicionar tanta energia renovável nos próximos cinco anos quanto nos 20 anos anteriores”, disse Fatih Birol, diretor executivo da entidade, em comunicado

    Juntos, China, Índia e Estados Unidos responderão por dois terços desse crescimento. Os três países estão implementando reformas regulatórias e de mercado ao mesmo tempo em que introduzem novas políticas no setor. Tudo de maneira mais ágil do que se esperava. 

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    Da China, virá quase metade de todo o crescimento das energias renováveis até 2027. As diretrizes e metas políticas do 14º Plano Quinquenal do país fizeram com que a Agência Internacional de Energia revisse suas previsões de médio prazo. 

    Antes, a projeção era de que o gigante asiático alcançaria 1.200 GW de capacidade total de energia eólica e solar em 2030. Agora, esse volume deve ser alcançado já em 2025. Só em 2023, a previsão é de um crescimento de 35% sobre o ano anterior. 

    Nos Estados Unidos, a Lei de Redução da Inflação, aprovada em agosto, estendeu até 2032 os incentivos fiscais para energias renováveis, impulsionando projetos eólicos e solares. Já na Índia, as novas instalações de energia limpa devem dobrar até 2027.

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    A principal energia renovável será a solar. Segundo a IEA, a capacidade instalada de energia solar fotovoltaica quase triplicará em relação ao que existe hoje, crescendo cerca de 1.500 GW até 2027. A geração solar deve superar o gás natural já em 2026. 

    Bons ventos também sopram para a energia eólica, cuja capacidade de geração deve praticamente dobrar. O relatório da IEA também aponta que as energias renováveis ​​são a única fonte de eletricidade cuja participação irá crescer nos próximos anos – na contramão de carvão, gás natural e petróleo, que entrarão em declínio.

    A transição para uma matriz energética mais limpa é o principal caminho para frear o aquecimento global. O Acordo de Paris, que em 2015 foi assinado por 195 países, previa metas de redução nas emissões de CO2, para segurar o aumento da temperatura do planeta em no máximo 1,5 °C acima dos níveis pré-industriais. 

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    Elas não foram colocadas em prática, a humanidade continuou jogando CO2 na atmosfera, e esse nível foi ultrapassado: hoje, boa parte dos cientistas considera que não dá mais tempo de conter o aquecimento a 1,5 °C. O planeta deve esquentar pelo menos isso. Mas ainda dá para evitar uma elevação mais catastrófica, de 2 °C. 

    Segundo o relatório New Energy Outlook 2022, da consultoria BloombergNEF (BNEF), o mundo precisará investir cerca de US$ 5, ao longo das próximas décadas, para cada US$ 1 investido na produção de combustíveis fósseis. Isso significa que, para alcançar uma matriz energética limpa e sustentável, a conta será de aproximadamente US$ 195 trilhões até 2050. Isso é o equivalente a oito vezes o PIB dos Estados Unidos.

    Como se sabe, um dos meios para zerar as emissões de carbono é o balanceamento de emissões de gases causadores de efeito estufa. Sobretudo, o dióxido de carbono, o mais nocivo deles. Para se chegar lá, será necessário criar diferentes mecanismos que compensem ou evitem a emissão de poluentes na atmosfera – como as negociações de créditos de carbono. 

    A BNEF apresenta um plano para limitar o aquecimento global a 1,77°C. Nele, metade da redução das emissões de CO2 e dos outros gases que causam efeito estufa vem da substituição, até 2050, dos combustíveis fósseis por energias limpas (o restante é conseguido adotando outras estratégias, como os créditos de carbono). 

    A eletrificação dos transportes, uma tendência que vem se consolidando mundo afora, com a proibição da venda de carros movidos a gasolina e diesel a partir de 2030 em países como Reino Unido e Canadá, ajudará nesse sentido. Os processos industriais e a construção civil também deverão desenvolver e adotar novas tecnologias para emitir menos CO2.

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