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3 dias no hospital podem fazer mal para as bactérias do seu intestino

E isso é pior do que parece, já que a microbiota intestinal regula todo seu organismo.

Por Ingrid Luisa
3 out 2019, 19h40

A microbiota intestinal (também conhecida como ‘flora’ intestinal) é uma comunidade de bactérias do bem: morando no intestino, elas desempenham um papel essencial na saúde –  ajudam na digestão, na absorção de nutrientes, na produção de vitaminas e até no controle da proliferação de microrganismos causadores de doenças.

Bom, já deu pra perceber que mexer nessas bactérias pode gerar um problemão, certo? Pois é, e um novo estudo de pesquisadores ingleses descobriu que o hospital é um péssimo lugar para elas: 3 dias na UTI já bastam para elas ​​serem expulsas e seu intestino ser colonizado por bactérias nocivas.

Segundo a pesquisa, publicada no periódico Microbial Genomics, diversos fatores contribuem para essa mudança, como certas medicações intravenosas, alimentação através de tubos e uso de ventilação para ajudar na respiração. Para avaliar o impacto de tratamento intensivo na microbiota intestinal, a equipe acompanhou 24 pessoas (com idades entre 25 e 85 anos) internadas por algum trauma, ataques cardíacos, câncer e outras emergências no hospital Queen Elizabeth Hospital Birmingham, Reino Unido.

Para determinar a variação dessas bactérias no intestino ao longo do tratamento, a equipe fez o sequenciamento do DNA de amostras fecais dos pacientes. Eles usaram uma técnica chamada “sequenciamento metagenômico da espingarda” (em inglês, shotgun metagenomics sequencing), pois ela garante que muitos organismos que passariam despercebidos utilizando técnicas de cultura tradicionais sejam detectados.

Os resultados foram claros: dois terços dos pacientes apresentaram uma redução acentuada da diversidade microbiana após 3 dias de tratamento. A culpada disso a bactéria Enterococcus faecium, que se proliferou e praticamente dominou o intestino. Isso é um perigo: esse micróbio pode sair de lá e danificar outras partes do corpo, incluindo os pulmões. E as infecções enterocócicas (causadas por bactérias desse gênero) são particularmente difíceis de tratar, já que muitas espécies deste grupo desenvolveram resistência a antibióticos. Se a Enterococcus faecium atingir a corrente sanguínea, pode ser fatal.

Segundo os cientistas, ainda são necessários estudos com uma maior quantidade de pacientes para tirar conclusões mais completas, mas esses primeiros resultados já deixam um alerta. A maior preocupação é que essa mudança na microbiota cause efeitos a longo prazo, mesmo depois que o paciente receber alta.

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