A matemática a serviço do combate ao coronavírus
Simulações podem ajudar cidades a se preparar melhor para a pandemia.
Um dos maiores desafios durante uma pandemia é comportar um grande número de pacientes nos hospitais e UTIs simultaneamente. Pensando nisso, o matemático Osmar Neto, pesquisador da Universidade Anhembi Morumbi e que vive em São José dos Campos (SP), investe na criação de modelos matemáticos que tentam prever o avanço da Covid-19 no Brasil.
Como os modelos funcionam?
Costumamos seguir um fluxo de situações. Primeiro a pessoa está suscetível, exposta. Depois ela pode ou não se infectar, precisar de um hospital e aí seguir ou não para a UTI. Para cada uma dessas etapas existe uma equação diferente em que você pode mudar as variáveis, como na matemática de colegial.
Como essas simulações podem ajudar a reduzir o número de mortes?
É possível estimar qual vai ser o dia que a prefeitura vai precisar de mais leitos para poder se preparar. Se a demanda fosse espalhada ao longo do ano, como uma gripe, o sistema de saúde conseguiria dar conta. Quando começou a crise, São José dos Campos só tinha um leito disponível, porque não deixam de existir pessoas que buscam os hospitais por outras razões. Se não houver leito suficiente para cuidar de todo mundo, a mortalidade cresce muito.
Por que previsões podem dar resultados tão diferentes?
Existem variações nos modelos, mas são as variáveis que mudam mais. Depende da severidade das medidas de contenção, da velocidade de propagação, do tempo que a pessoa fica infecciosa. O site da OMS, por exemplo, diz que o período de incubação do novo coronavírus pode ser de 2 a 21 dias. Isso é terrível para um modelo matemático. Dependendo do número que você coloca, acontecem situações totalmente diferentes. O pico [de casos] pode variar desde junho deste ano até fevereiro do ano que vem.