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A nova mensagem que cientistas querem enviar ao espaço

BITG tem informações detalhadas sobre a vida na Terra e nossa localização. Conheça essa e outras tentativas de comunicação com inteligência extraterrestre.

Por Luisa Costa
Atualizado em 15 ago 2022, 10h23 - Publicado em 11 abr 2022, 18h03

Em algum canto do Universo, talvez exista uma civilização alienígena com a qual poderíamos estabelecer contato. Se existir, essa conversa pode parece improvável, mas a hipótese não é só enredo de ficção científica: alguns cientistas se dedicam à missão de dar um alô aos ETs, mesmo antes da detecção de qualquer inteligência em algum lugar do infinito. 

O mais recente projeto nesse sentido é o Beacon in the Galaxy (BITG) – em tradução livre, “farol na galáxia” –, planejado pelo grupo de pesquisa Messaging Extraterrestrial Intelligence (METI), “mensagens para inteligência extraterrestre”.

A BITG é uma mensagem formulada por uma equipe internacional de cientistas, com informações diversas sobre a vida na Terra, escrita em código binário – sequências de 0 e 1 que constituem, por exemplo, a linguagem a partir da qual seu computador exibe e processa os textos e imagens desta página.

As sequências de 0 e 1 seriam a forma mais simples possível de matemática e, com sorte, entendidas universalmente – por isso os cientistas recorrem ao código binário para essa esperança de comunicação com o espaço. Na mensagem, os “zeros” e “uns” nas linhas do código correspondem a quadradinhos vazios ou cheios, brancos ou pretos, que formam imagens como as que você vê abaixo.

A nova mensagem que cientistas querem enviar ao espaço.
Imagens formadas a partir de código binário na BITG. (Jiang et al./NASA Jet Propulsion Laboratory/Divulgação)

Elas retratam princípios básicos de matemática e física, átomos essenciais para a vida por aqui, a estrutura do DNA, figuras humanas e o Sistema Solar (com nossa localização indicada). Tem até convite para que os alienígenas nos respondam na mesma “língua”.

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Em um cenário ideal, a BITG seria transmitida a um ponto específico da Via Láctea – potencialmente com maior chance de resposta – pelo FAST, radiotelescópio chinês com parabólica de 500 metros de diâmetro. (Mas não há planos imediatos para que o envio aconteça.)

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Tentativas anteriores de comunicação

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A BITG é considerada uma atualização da mensagem de Arecibo, de 1974. Essa foi a primeira tentativa de estabelecer algum contato com inteligência extraterrestre e informar nossa existência a quem pudesse interessar no Universo – ou, é claro, a quem pudesse receber e interpretar os códigos.

Esse Whatsapp espacial foi transmitido pelo radiotelescópio de Arecibo, em Porto Rico, e continha bem menos informação do que a mensagem nova –  que contém 204 mil bits, 21 vezes mais do que na tentativa de 1974. (Você pode ler sobre ela nesta matéria da Super.)

O que rolou com a mensagem de Arecibo? Bem, ficamos no vácuo, assim como em outras tentativas de comunicação. As sondas espaciais Pioneer 10 e Pioneer 11, por exemplo, lançadas também no início da década de 1970, viajaram para além do Sistema Solar carregando uma placa metálica cada uma.

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Dessa vez, não eram mensagens em código binário para serem decifradas por alienígenas. Nas placas Pioneer, foram desenhadas duas figuras humanas – um homem e uma mulher, como na BITG – e outros símbolos que indicariam a origem das naves espaciais.

Placa Pioneer projetada por Carl Sagan e Frank Drake, com arte de Linda Salzman Sagan.
Estes são os desenhos contidos nas placas metálicas carregadas pelas sondas Pioneer, lançadas em 1972 e 1973. (NASA-ARC/Wikimedia Commons)

Depois, em 1977, as sondas Voyager, também operadas pela Nasa, partiram ao espaço carregando mensagens mais complexas: discos de ouro contendo sons e imagens que seriam amostras da vida na Terra.

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O conteúdo dos discos, escolhido por um comitê liderado por Carl Sagan, incluiu saudações em 55 línguas, sons naturais da Terra (como o canto de pássaros e o barulho do mar) e músicas de diversos países – como obras de Bach, Beethoven, Stravinsky, Mozart e Chuck Berry.

Mais recentemente, em 2017, o METI disparou mensagens ao espaço em código binário durante três dias a partir de um radiotelescópio localizado em Tromsø, na Noruega. Esse episódio, no entanto, levantou preocupações – como costuma acontecer com tentativas de comunicação com extraterrestres. 

Caso exista vida (e vida inteligente) para além do planeta Terra, o que aconteceria se as mensagens com nossa localização e tantas outras informações sobre a humanidade fossem recebidas e interpretadas? Alguns cientistas acreditam que as consequências incertas de um possível contato é um risco que não poderíamos correr. E se, como em diversas produções da ficção científica, os aliens forem hostis – e queiram dominar o mundo?

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Os exemplos da nossa própria geopolítica, sempre com países em conflito por poder, pode ser o ponto de partida humano que dá essa perspectiva temerosa a respeito das intenções de eventuais vizinhos (ainda que distantes) no Universo.

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