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Arqueólogo encontra ruínas de 2 mil anos usando o Google Earth

A Arábia Saudita não liberou o espaço aéreo para um pesquisador. Mas ele deu um jeito de evitar o problema: imagens de satélite. E o truque rendeu.

Por Bruno Vaiano Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
26 out 2017, 16h18

Cada ponto da superfície do planeta já foi fotografado por um satélite. O que dá um pouco de medo em quem gosta de teorias da conspiração, mas tem lá suas vantagens – como revelar a localização de sítios arqueológicos milenares que não poderiam ser encontrados de outra forma.

Foi o que aconteceu com o arqueólogo David Kennedy, da Universidade do Oeste da Austrália. Ele estuda a pré-história da península Arábica há mais de 40 anos – e desde 1997 usa helicópteros e aviões para tentar rastrear ruínas perdidas na Jordânia. A Arábia Saudita, porém, não libera seu espaço aéreo com a mesma facilidade, o que o obrigou a apelar para outros recursos: usando o Google Earth para navegar no interior das fronteiras sauditas, tropeçou em 400 estruturas de pedra de cuja existência nem suspeitava.

“Não dá para vê-las de forma discernível no nível do chão, mas quando você sobre algumas centenas de metros, ou usa um satélite, que é ainda mais alto, elas aparecem com muita nitidez”, explicou Kennedy à imprensa. Segundo ele, a superfície aparentemente homogênea da areia ainda esconde muitas surpresas. “Nós costumamos pensar na Arábia Saudita como um deserto, mas há um baú de tesouros arqueológicos que precisa ser identificado e mapeado.”

A função original dessas estruturas ainda não foi estabelecida – já foram descartadas possibilidades como cemitérios, casas, ou armadilhas para animais, que seguem padrões de construção diferentes. Elas são obra de tribos nômades, ancestrais dos atuais beduínos, e têm algo entre 2 mil e 9 mil anos. Isso as torna vários milênios mais antigas que a ascensão do islamismo (o profeta Maomé só nasceria por volta do ano 570). Mais detalhes logo estarão disponíveis em um artigo científico, que será publicado em novembro.

Embora a descoberta recente tenha recebido maior destaque, o trabalho do grupo de pesquisa de Kennedy com imagens de satélite já dura quase uma década. Em 2011, o arqueólogo foi destaque de um vídeo do próprio Google, que você pode assistir abaixo. 

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