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Biomonitoramento do ar, o alerta das plantas

Um projeto inovador, realizado por pesquisadores de São Paulo, está transformando plantas em alarmes para detectar poluição. A saúde pública agradece

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h37 - Publicado em 31 Maio 2002, 22h00

Paulo D¿Amaro, de São Paulo, SP

Que tal ter um “medidor de poluição” em sua casa, digamos, enfeitando a varanda? Isso já é possível, graças aos pesquisadores do Instituto de Botânica de São Paulo e da Faculdade de Medicina da USP. Eles criaram o projeto de biomonitoramento da qualidade do ar, que está descobrindo como usar vegetais para detectar compostos nocivos na atmosfera – o único trabalho acadêmico a ganhar o Prêmio Super Ecologia. “Queremos que as plantas sejam o apito que alerta a população quando o ar não for adequado”, diz a bióloga Marisa Domingos, coordenadora do projeto. “É uma questão de saúde pública.” A idéia por trás disso é simples: se a poluição é suficiente para danificar células das plantas, deve afetar também as nossas.

O primeiro passo do projeto foi descobrir que vegetais dão sinais de que o ar não presta. O tabaco, por exemplo, fica com manchas amarelas na presença de ozônio – gás essencial na alta atmosfera, mas muito prejudicial aqui embaixo. Com isso em mente, os pesquisadores descobriram um fato surpreendente: o ozônio está concentrado em lugares sem muitos carros, como o Parque do Ibirapuera. Isso ocorre porque o gás não é emitido pelos motores. Ele é subproduto dos poluentes que vai se formando aos poucos, impulsionado pelas radiações solares. Ou seja, fica pronto longe das avenidas paulistanas.

Mas há outra planta com potencial ainda maior de detectar poluição. Trata-se do coração-roxo, velho conhecido dos paulistanos – enfeita jardins e praças da cidade. Ao contrário do tabaco, o coração-roxo não denuncia problemas ao primeiro olhar – seu poder se revela sob o microscópio. “Durante a formação do pólen, essa planta tem uma fase sensível a fatores externos”, afirma Marisa. “Nesse período, ocorre rompimento de pedaços do DNA.” O normal é ter 2% do DNA degenerado – qualquer coisa a mais significa que algo está agredindo o vegetal.

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Nos últimos dois anos, os pesquisadores espalharam mudas de coração-roxo em três locais da capital paulista, comprovando depois, no laboratório, a precisão do registro fornecido pela planta. “É um trabalho simples, que exige pouco investimento e poderá ser implantado em vários bairros”, diz a pesquisadora. Basta um microscópio e um técnico treinado para usá-lo, coisa que qualquer boa escola possui.

Recentemente, a equipe iniciou uma pesquisa ainda mais inédita: a medição em lugares fechados, como hospitais, postos de gasolina e o próprio Instituto Botânico. “Descobrimos que a naftalina usada para afastar insetos das coleções de plantas ocasiona mutação no coração-roxo”, diz Marisa. O instituto já estuda uma forma de proteger seus funcionários das bolinhas, que podem ser tão insalubres quanto o gás do escapamento. Ironicamente, no lugar mais verde de São Paulo.

Os finalistas

Na categoria Ar, só houve dois projetos de governos na final. Além do biomonitoramento da qualidade do ar, estava na disputa o Natureza Viva, mantido pela quarta companhia do segundo batalhão da Polícia Ambiental, sediada em Marília, no interior de São Paulo. O Natureza Viva faz um excelente trabalho de educação ambiental, realizando palestras em dezenas de municípios do Estado.

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