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Braço robótico da Estação Espacial é atingido por lixo em órbita

A ISS não sofreu danos significativos, mas os milhões de detritos em nossa órbita têm potencial para danos maiores porque viajam a velocidades altíssimas.

Por Carolina Fioratti
2 jun 2021, 16h17

Durante uma inspeção de rotina, astronautas a bordo da Estação Espacial Internacional (ISS) encontraram um buraco na parte externa da lataria. A marca, que lembra um furo de bala, parece ter sido causada pela colisão de lixo espacial com o laboratório em órbita. A tripulação, que encontrarou o dano no dia 12 de maio, não sabe dizer com exatidão a data em que o acidente ocorreu. 

O fragmento atingiu um braço robótico denominado Canadarm2, que possui cerca de 17 m de comprimento e 35 cm de diâmetro – praticamente um graveto considerando a imensidão do espaço. O Canadarm2, conhecido também como Sistema de Manipulação Remota da Estação Espacial (SSRMS), foi projetado pela Agência Espacial Canadense e já opera na ISS há 20 anos. Suas funções, que incluem a manobra de objetos fora da estação, não foram prejudicadas pela colisão e nem mesmo interrompidas. 

Estas imagens da NASA e da Agência Espacial Canadense mostram a localização de um ataque de detritos espaciais no braço do robô Canadarm2 da Estação Espacial Internacional, detectado em 12 de maio de 2021 e lançado em 28 de maio.
Canadarm2 é atingido por detrito espacial. (NASA/Canadian Space Agency/Reprodução)

Os cientistas não sabem dizer que tipo de objeto atingiu o braço robótico. A Rede de Vigilância Espacial dos EUA tem em seu radar cerca de 23 mil pedaços de lixo espacial de tamanho igual ou superior ao de uma bola de tênis. Quando um desses detritos se aproxima da ISS, é possível ver com antecedência e tomar algumas precauções, como mover ligeiramente a posição da nave ou instruir a tripulação a se abrigar. 

Porém, há mais de 130 milhões de migalhas, a maioria menor que um milímetro, que não são rastreadas e podem oferecer risco à ISS devido a velocidade exorbitante em que viajam. Esses pequenos objetos podem ser pedaços de rocha, micrometeoritos e até mesmo lascas de tinta que se soltam dos satélites.

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Em entrevista ao jornal britânico The Guardian, John Crassidis, professor de engenharia mecânica e aeroespacial na Universidade de Buffalo (EUA), disse que, dessa vez, a ISS não sofreu nenhum estrago considerável. Porém, ele explica que a maior preocupação não é o equipamento, e sim os astronautas, que ficam muito expostos quando realizam caminhadas no vácuo. 

A ISS começou a ser construída em 1998 e, desde então, os pesquisadores se preocupam com danos causados pelos detritos. Por conta disso, os astronautas são frequentemente submetidos a tarefas de inspeção no lado de fora da ISS. Apesar dos esforços, o problema tende a piorar com o tempo, já que Rússia, Índia, China, Nasa e a Agência Espacial Europeia (ESA) possuem programas espaciais ambiciosos e não deixarão de colocar foguetes e satélites em órbita. Em 2009, por exemplo, uma nave russa colidiu e destruiu um satélite comercial americano, o que adicionou 2,3 mil detritos rastreáveis e outros resíduos menores ao estoque de lixo espacial.

No final de 2020, a Agência Espacial Europeia (ESA) fechou um contrato com a startup suíça Clear Space para “limpar” o espaço. O plano é utilizar uma garra gigante capaz de capturar pedaços de entulho e enviá-los de volta à atmosfera, onde seriam incinerados pelo atrito. O primeiro lançamento da missão está agendado para 2025. Você pode saber mais detalhes sobre ela nesta reportagem da Super.

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