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Câncer artificial

Pela primeira vez, cientistas americanos conseguiram transformar células normais em malignas. Com isso, esperam decifrar como os tumores surgem.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h53 - Publicado em 31 ago 1999, 22h00

Ivonete D. Lucírio

Enquanto a maior parte dos pesquisadores procura um método eficaz de acabar com tumores, a equipe do oncologista William Hahn, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos, fez o contrário: descobriu como forçar células sadias a se tornarem malignas. O objetivo é entender a gênese do mal. “Queremos saber como funciona o câncer. Que regras ele segue para se instalar no corpo”, disse Hahn à SUPER.

Desde 1980 é sabido que a doença aparece sempre que alguns genes começam a funcionar mal e forçam as células de alguma região do corpo a se multiplicar descontroladamente. Um dos genes envolvidos nesse processo, batizado de RAS, foi descoberto, também em 1980, pelo oncologista Robert Weinberg, da equipe de Hahn. Só que o RAS só funciona com a ajuda de outros genes. Em 1983, a equipe de Hahn e Weinberg construiu um tumor em um rato adicionando a uma célula saudável dois genes: o RAS e o SV40. Mas a experiência deu certo apenas com roedores; com humanos, não funcionou. Até que este ano os cientistas acharam o ingrediente que faltava – outro gene, o hTERT. Com essas três peças na mão, implantadas dentro da célula, conseguiram produzir a doença.

Por enquanto o laboratório do MIT fabricou apenas tumores de pele e de rim. Hahn vai continuar testando a mesma seqüência de genes para outros tipos de câncer, como os de mama, cujo desenvolvimento pode obedecer a um mecanismo ligeiramente diferente. “No dia em que formos capazes de compreender o funcionamento de cada tipo da doença, faremos drogas mais eficientes”, diz ele. “Drogas capazes de deter o tumor.”

ilucirio@abril.com.br

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Algo mais

Em julho, pesquisadores australianos e israelenses acharam o gene responsável pela metástase, o espalhamento do câncer pelo corpo. O pedaço de DNA descoberto ordena a produção da enzima heparanase. Na hora de invadir algum órgão, as células do tumor circulam pelo sangue e rompem os vasos sanguíneos usando a heparanase como chave.

A construção da doença

Para criar um tumor maligno e decifrar a origem do mal, foram usados três genes.

1. Desarmando as defesas

Para produzir câncer sob encomenda, os cientistas retiraram células saudáveis de um rim humano e alteraram seu DNA. Primeiro, implantaram um gene chamado SV40 por meio de um vírus benigno, capaz de abrir a porta da célula. Lá dentro, sua função foi bloquear as proteínas que evitam a formação do câncer.

2. Sem saber quando parar

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Sem as proteínas, as células perderam suas defesas naturais. Em seguida, os oncologistas introduziram e ativaram outro gene, o hTER, que já existe no organismo, só que sempre desligado. Ele libera a multiplicação celular que pode causar danos nos órgãos.

3. Fora de controle

Por último, os pesquisadores inseriram um gene chamado RAS, que age como fermento. Ele acelera alucinadamente a velocidade com que as células se dividem, uma característica decisiva dos corpos malignos. Desde os anos 80 sabe-se que o RAS está presente em inúmeros tipos de câncer.

4. Criando o mal

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Só faltava verificar se as células geneticamente modificadas virariam mesmo um tumor. Para isso, os cientistas precisavam de um organismo que garantisse um bom suprimento de sangue a elas. Tiro e queda: injetadas em um rato, as células alteradas produziram o caroço que identifica a doença.

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