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Censo de 10 milhões de sistemas estelares não detecta tecnologia extraterrestre

Mas não fique triste com o isolamento social: embora a área do céu analisada seja imensa, ela ainda está para o Universo como uma piscina de quintal está para os oceanos da Terra.

Por Bruno Vaiano Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
11 set 2020, 12h46

A Terra é um planeta particularmente bem sucedido no isolamento social: um observatório australiano vasculhou 10 milhões de sistemas estelares em busca de emissões eletromagnéticas que acusassem a presença de civilizações extraterrestres, e obteve resultados decepcionantes.

O Murchison Widefield Array (MWA), localizado no oeste dos outbacks – o amplo e árido deserto que cobre o interior da Austrália – não é um telescópio no sentido tradicional da palavra, com lentes e um buraco cilíndrico para enfiar o olho.

Ele consiste em um conjunto de 4096 antenas – distribuídas em conjuntinhos de 16 unidades (como o da foto acima) ao longo de uma área de 1,5 km de raio – para captar ondas mais compridas que as da luz visível por olhos humanos, parecidas com as utilizadas nas transmissões de rádios FM. 

A maioria dos astrônomos envolvidos na busca por vida extraterrestre inteligente busca sinais de rádio que pareçam produzidos artificialmente, por obedecerem padrões ou apresentarem intensidades incomuns em fenômenos naturais.

“O MWA é um telescópio único, com um campo de visão extraordinariamente amplo, que nos permite observar milhões de estrelas simultaneamente”, diz a astrônoma Chenoa Tremblay, uma das responsáveis pelo estudo. “Nos observamos o céu na direção da constelação de Vela por 17 horas. No conjunto de dados gerado, não encontramos tecnoassinaturas – sinais de vida alienígena inteligente.” 

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Ninguém sabe com que frequência a vida surge na Via Láctea. Mais difícil ainda é prever com que frequência a seleção natural nos presenteia com vida consciente e capaz de produzir tecnologia. Nós também não temos a menor ideia do tipo de telecomunicações que esses alienígenas desenvolveriam.

Embora seja difícil imaginar uma civilização com alto grau de desenvolvimento científico que não seja íntima dos fenômenos eletromagnéticos, nada garante que eles usem recursos similares aos nossos para se comunicar por longa distâncias.

Além de todas essas limitações no nosso conhecimento sobre a biologia e a tecnologia de uma provável sociedade extraterrestre inteligente, ainda há o problema básico de que o Universo é um lugar enorme (de fato, ele é todos os lugares que existem), de maneira que não fazemos a menor ideia do lugar do céu para onde devemos apontar nosso equipamento.

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“Embora esse tenha sido um estudo realmente grande, a quantidade de espaço sideral que nós observamos é equivalente a tentar encontrar algo no oceano da Terra procurando em um volume de água equivalente ao de uma piscina de quintal”, diz o astrônomo Steven Tingay, também envolvido no estudo. Sim, 10 milhões de estrelas equivalem a uma piscina no oceano.

Em suma: não se sinta sozinho. Estamos tentando encontrar uma agulha no maior palheiro que existe, e sequer sabemos se ela está lá. O escritor de ficção científica Arthur C. Clark resumiu: “Só existem duas possibilidades: ou estamos sozinhos no Universo ou não estamos. Ambas são igualmente assustadoras”.

 

 

 

 

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