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Cientistas colocaram morcegos-vampiros em esteiras – e descobriram um super poder desses bichos

Esses mamíferos voadores são corredores natos – e seu pré-treino é o sangue. Veja vídeos.

Por Manuela Mourão
14 nov 2024, 19h00

Vampiros existem. Mas não são nada parecidos com os de Crepúsculo ou com a estética do Conde Drácula – capas longas, caninos afiados e desgosto mortal por alho, estacas de madeira e luz solar. Na verdade, a única coisa semelhante à ficção é que eles sugam sangue.

Estamos falando dos morcegos-vampiros (Desmodus rotundus), uma espécie que habita as Américas e é conhecida por seu cardápio digno de filme de terror. Esses mamíferos voadores praticam a hematofagia, ou seja, se alimentam de sangue. Mas não precisa surtar: raramente a dieta deles envolve sangue humano. O suco vermelho costuma vir de animais da pecuária, como galinhas, porcos e bois (por serem abundantes), e, às vezes, de aves e outros mamíferos selvagens. 

Diferentemente da maioria das espécies de morcegos, esses fofos bichos também são amantes da caminhada – ou melhor, da corrida. A maioria seus parentes animais evita o chão tal como um vampiro evita o Sol, mas os Desmodus rotundus são excelentes corredores.

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Com isso em mente, existia uma questão que intrigava cientistas: se eles não ingerem alimentos ricos em carboidratos e lipídeos – as principais fontes de energia para nós e a maioria dos mamíferos –, como conseguem ter força para suas maratonas? 

Foi isso que um estudo publicado na revista Biology Letters buscou explicar. Os cientistas Kenneth Welch e Giulia Rossi, da Universidade de Toronto (Canadá), testaram uma hipótese inspirada nas moscas tsé-tsé, insetos africanos que também são comedoras de sangue. Essas moscas conseguem metabolizar a prolina, um aminoácido, para conseguir energia – e os autores da pesquisa suspeitavam que os morcegos poderiam fazer algo parecido.

Fotografias de Desmodus rotundus (macho; BZ 1256) em uma esteira metabólica em uma fase aérea de uma marcha de corrida (30 m min −1 ).
(Price Sewell/Divulgação)

Foi assim que eles descobriram um superpoder inédito os vampiros: a capacidade de digerir rapidamente os aminoácidos de proteínas do sangue ingerido.

Onde entra a esteira?

Para testar a hipótese, os pesquisadores coletaram 24 morcegos-vampiros em Belize, na América Central, e deram aos animais doses de sangue de vacas de açougues.

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Antes que os animais consumissem o líquido, Welch e Rossi separaram o grupo ao meio e acrescentaram glicina e leucina (dois aminoácidos) nas amostras, criando uma espécie de “barrinha de proteína” para sanguessugas. Cada um dos grupos recebeu o sangue com um dos tipos de proteína mais concentrado.

Aqui entra a parte mais divertida da pesquisa – pelo menos para o público. Depois da refeição, os animais foram colocados para correr em mini-esteiras (e filmados). Por mais que pareça para muitos algum tipo de tortura, Welch disse ao The New York Times que “se eles não quisessem correr na esteira, eles poderiam trapacear e ficar parados ao lado [da esteira]”.

O exercício foi dividido em três velocidades: 10 metros por minuto, 20 metros por minuto e 30 metros por minuto, com a intensidade do treino sendo gradualemente aumentada para cada fase. A maioria deles aguentou todos os 90 minutos da atividade.

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Veja a performance desses atletas:

A respiração dos vampiros foi registrada ao longo do treino, medindo as taxas de oxigênio ingeridas e as de dióxido de carbono expelidas – que foram usados para identificar vestígios de aminoácidos no sangue dos morcegos.

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O estudo revelou que os morcegos-vampiros têm uma habilidade única de metabolizar rapidamente os aminoácidos no sangue que consomem, permitindo que usem esse sangue como fonte de energia imediatamente, quase logo depois do consumo.

A maioria dos mamíferos, por sua vez, usa carboidratos e gorduras como fontes de energia primárias, e demora para digerir proteínas (que são formadas por aminoácidos).

Porém, todo superpoder tem sua kriptonita (ou, neste caso, sua cabeça de alho): esse processo fez com que esses animais perdessem a capacidade de processar e armazenar outras fontes de energia. Isso significa que a alimentação constante desses bichos é essencial. Nada de dieta ou jejum intermitente: é sangue para dentro toda hora.

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