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Cientistas criam peixe transgênico que limpa mercúrio de água contaminada

Espécie desenvolvida em laboratório consegue transformar o perigoso metilmercúrio em algo menos danoso. Entenda como.

Por Victor Bianchin
6 mar 2025, 12h00

Dois cientistas da Universidade de Macquarie, na Austrália, conseguiram modificar geneticamente duas espécies de animais, o peixe-zebra e as moscas de fruta, para fazer os bichos processarem em seus corpos uma substância perigosa para o meio ambiente e transformá-la em outra menos danosa.

A substância em questão é o metilmercúrio, um composto orgânico tóxico que pode causar graves danos à saúde humana e também ao meio ambiente. Ele é lançado no ambiente por meio de rejeitos químicos criados a partir de atividades como a queima do carvão. Ao contaminar rios e lagos, vai parar dentro dos peixes.

Normalmente, o metilmercúrio passa pelas paredes do trato digestivo desses animais e vai parar nos músculos, ficando lá e se acumulando ao longo de suas vidas. Conforme os peixes menores são consumidos por outros maiores, a contaminação vai atravessando toda a cadeia alimentar até chegar aos humanos.

E, em nosso organismo, o metilmercúrio pode ter efeitos catastróficos, causando problemas renais, diminuição das funções cognitivas, transtornos psíquicos e malformações fetais, entre outros.

O que os cientistas australianos fizeram foi pegar parte do DNA da bactéria E. coli e inserir esse segmento no DNA dos animais. Com isso, os corpos dos peixes-zebra e das moscas passaram a produzir duas enzimas que convertem o metilmercúrio ingerido em uma substância menos prejudicial, o mercúrio elementar.

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Nos testes feitos, foi observado que a maior parte do mercúrio elementar simplesmente evapora dos corpos dos animais em forma de gás.

Com isso, não representa um risco para o meio ambiente. “O gás de mercúrio pode ser um problema em certos ambientes, onde pode atingir um nível mais alto, mas em ambientes livres está muito diluído em nossa atmosfera para agir como uma toxina”, declarou a Dra. Kate Tepper, uma das autoras do estudo, em uma entrevista.

A pesquisa foi publicada na Nature Communications, mas os cientistas alertam que ela ainda está em seus estágios iniciais. Se der certo, porém, ela poderá significar uma nova forma de limpar o meio ambiente do metilmercúrio sem prejudicar os animais e nem gastar verbas com técnicas mais complicadas.

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“Ainda me parece mágico que possamos usar a biologia sintética para converter a forma mais prejudicial de mercúrio para o meio ambiente e evaporá-la de um animal”, afirmou Tepper em comunicado. “Liberar animais modificados que estão próximos da base das cadeias alimentares pode ajudar a proteger muitos outros animais no ecossistema”, disse.

Pode haver ainda um segundo benefício proveniente da pesquisa: criar insetos geneticamente modificados que consigam processar lixo orgânico em escala industrial. “Os insetos poderiam processar resíduos orgânicos comumente contaminados com metilmercúrio e, nas instalações fechadas, o gás de mercúrio que eles emitem poderia ser capturado e removido da biosfera”, disse Tepper.

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