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Cientistas criam ‘site pornô’ para ratos – pelo bem da ciência

No mouseTube, pesquisadores do mundo inteiro podem baixar e compartilhar sons sexuais produzidos pelos roedores

Por Helô D'Angelo Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 19h06 - Publicado em 15 ago 2016, 15h15

Pode parecer bizarro, mas um dos grandes problemas de usar ratos como cobaias de laboratório é conseguir imitar os sons que os bichinhos emitem quando estão querendo reproduzir. Ou, em português claro, a maior dificuldade dos cientistas é recriar os guinchos de tesão dos roedores.

Até agora, os pesquisadores tinham duas opções: fuçar a internet atrás de uma gravação desses sons específicos, ou esperar os ratinhos ficarem naturalmente com vontade de dar uns pegas – o que, convenhamos, não é lá muito prático, especialmente se a gente pensar que muitos desses barulhos são inaudíveis para os seres humanos.

Tentando contornar esse problema, cientistas do Instituto Pasteur, na França, tiveram uma outra ideia: criar uma plataforma de compartilhamento e armazenamento desses sons – um verdadeiro site “pornô” para ratinhos de laboratório. Até o nome é parecido com os de sites pornôs: mouseTube (algo como ratoTube). 

O portal funciona como qualquer site de torrents. Nele, cientistas do mundo todo podem fazer download e upload dos sons sexuais dos roedores – basta completar um formulário de inscrição e concordar com os termos de uso do mouseTube. Ou seja, em teoria, um cientista na Espanha poderia enviar um guincho para o mouseTube e acabar ajudando um outro pesquisador do Japão que estivesse justamente atrás desse barulho específico. A ideia é criar uma base de dados com a maior variedade possível de sons de ratos, para poupar aos estudiosos do mundo todo a chatice de ter que vasculhar a internet ou esperar o chamado da natureza.

Ouça um dos sons (cuidado, é ALTO):

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Por enquanto, são 60 usuarios no mouseTube, em cinco continentes diferentes – quase todos são cientistas, exceto três: dois jornalistas e um cara que diz ter interesses pessoais em comunicação animal (vai entender). Ao todo, a base de dados já reúne 385 sons diferentes. 

Criar um site de torrents de ruídos de ratos pode até soar específico demais, mas esses sons são de extrema importância para várias pesquisas diferentes. Em alguns estudos, os guinchos são essenciais para condicionar os ratinhos. Por exemplo: com eles, alguns geneticistas do Pasteur que estudam o autismo conseguem criar modelos de interação social para compreender como ajudar seres humanos autistas a lidar com relações sociais. 

Mesmo com o site sendo recente, dois cientistas já estão usando os sons ~eróticos~ dos ratos em suas pesquisas. A ideia é que o número cresça. Os criadores acreditam que o problema seja a falta de divulgação do mouseTube – então, o próximo passo é espalhar a notícia (tomara que a gente tenha ajudado). 

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