Assine SUPER por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Cientistas descobrem composto que mata bactérias super-resistentes

Elas já fazem 700 mil vítimas todos os anos. Entenda a importância do combate às superbactérias.

Por Maria Clara Rossini
Atualizado em 4 jun 2019, 17h34 - Publicado em 31 Maio 2019, 17h01

As superbactérias não usam capas e nem salvam inocentes, como os super-heróis. Se elas fossem ser representadas nos quadrinhos, usariam uniforme de vilão – e estão se tornando os microorganismos mais perigosos para a saúde humana, pois são extremamente difíceis de matar. Se nada for feito, estima-se que em 2050 as infecções por bactérias resistentes sejam mais letais do que o câncer.

É por isso que os pesquisadores se esforçam para desenvolver novas alternativas para combater problema. Cientistas da Universidade de Sheffield desenvolveram um composto que age em bactérias gram-negativas resistentes a antibióticos convencionais. Um exemplo é a E. coli, que habita no intestino humano e pode causar diarréias e outros sintomas.

Mas por que é tão difícil atingir essas bactérias?
Imagine que você contraiu uma doença. Ao relatar os sintomas ao médico, ele descobre que se trata de uma infecção bacteriana. Você compra o antibiótico receitado e começa o tratamento. Simples. Mas e se parte dessa população de bactérias for imunes ao próprio composto que deveria matá-las? O material genético altamente adaptável das bactérias torna essa possibilidade mais provável do que gostaríamos.

É a velha história da seleção natural: o medicamento mata a maioria das bactérias, mas sobram algumas que possuem uma mutação genética que permite sua sobrevivência. Elas se reproduzem e geram várias outras com a mesma mutação. Ao longo dos anos, esse processo se repete diversas vezes, fazendo com que os remédios tradicionais não produzam mais efeito.

Continua após a publicidade

As bactérias gram-negativas são as mais difíceis de matar. A dificuldade está em atravessar a membrana celular: ela é bem mais complexa, com grande quantidade de aminoácidos e lipídios impedindo que uma substância externa interaja com o micróbio. 

Justamente por isso, o novo composto, chamado complexo Ru(II), foi desenvolvido para romper e destruir a membrana celular de cada uma dessas bactérias. Segundo os cientistas, é a primeira vez em quase dez anos que uma nova droga promissora contra as gram-negativas é apresentada. Mas, por enquanto, ela é só candidata a medicamento – primeiro, vai precisar passar por longas baterias de testes clínicos, para verificar se ela é totalmente segura e efetiva, como acontece com todo remédio.

A Organização Mundial da Saúde considera a resistência bacteriana uma das principais ameaças à saúde. A busca por novos tratamentos às bactérias gram-negativas é prioridade número 1 segundo a organização.

Continua após a publicidade

A partir de 2050, as projeções indicam que mais de 10 milhões de pessoas morrerão por ano devido a infecções bacterianas. Isso é mais do que o câncer mata anualmente hoje em dia — 8,2 milhões.

O crescimento das superbactérias se dá devido ao abuso dos antibióticos atuais. Uma pesquisa recente mostrou que vários rios no mundo já apresentam concentrações muito elevadas de antibióticos — bem acima do que é considerado seguro.

Isso não se dá somente pelos antibióticos consumidos pelas pessoas – mas, principalmente, pelas doses cavalares de antibióticos usadas em animais de fazenda ao redor do mundo. Tudo isso contribui para a seleção natural das bactérias mais resistentes. Grande parte do problema é a habilidade de evolução da bactéria quando exposta a pequenas quantidades de antibióticos. Os resquícios de medicamentos na carne que consumimos e nos rios são suficientes para as bactérias fazerem a festa.

O novo composto pretende ajudar a responder a esse problema, pelo menos para parte dos microorganismos resistentes. Os estudos mostraram que o Ru(II) possui diferentes modos de ação, assim fica mais difícil que as bactérias se tornem resistentes a todos eles. O próximo passo é testar esses mecanismos em outras gram-negativas super resistentes.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Super impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 12,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.