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Cientistas procuram vida em novo planeta do tamanho da Terra

Ross 128 b, a 11 anos-luz de nós, está à distância ideal de sua estrela para abrigar água em estado líquido. Foram mais de 157 tentativas até detectá-lo

Por Bruno Vaiano Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
15 nov 2017, 18h23

Boa noite, alienígenas: um planeta rochoso recém-encontrado a meros 11 anos-luz da Terra – um pulinho na escala cósmica – se enquadra perfeitamente na lista de pré-requisitos para abrigar vida.

Ross 128 b está à distância ideal (para as formas de vida que conhecemos, é claro) da estrela que o hospeda, o que permite a existência de água líquida e mantém a temperatura ambiente razoável. Além disso, ele é só 35% maior que a Terra – o que garante que sua superfície é sólida, e não gasosa como a de Júpiter.

Ele foi encontrado pelo mais preciso equipamento de caça de planetas instalado na superfície da Terra: o HARPS, localizado no Observatório Europeu do Sul (ESO), no Chile. O processo demorou bastante. “Nós começamos a observar essa estrela em julho de 2005”, afirmou o astrônomo Nicola Astudillo-Defru, um dos autores da pesquisa, ao ScienceAlert. “A partir de 2013 nosso monitoramento ficou mais intenso, e só após 157 observações o sinal do planeta foi forte o suficiente para detectá-lo.”

O HARPS não funciona da mesma maneira que o mais famoso caçador de exoplanetas: o telescópio Kepler, que fica em órbita.

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O Kepler encontra planetas quando eles passam na frente de suas estrelas e fazem sombra, diminuindo momentaneamente a quantidade de luz que alcança os aparelhos.

Já o HARPS existe justamente para pegar os planetas malandrinhos – os que têm a órbita desenhada de tal forma que, do ângulo em que a Terra está, é impossível vê-los passar na frente de suas estrelas. O truque, nesse caso, é medir a velocidade radial da estrela que potencialmente abriga exoplanetas.

Oi?

Calma, é simples: estrelas têm mais massa que planetas. Por isso, elas os atraem. Mas os planetas, por menores que sejam, também tem uma massa considerável – suficiente para também alterar de maneira sutil, mas perceptível, o giro de suas estrelas. O resultado é algo como o GIF abaixo (que está exagerado para efeitos ilustrativos).

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É claro que tudo isso funciona melhor na teoria do que na prática – o que explica as 157 tentativas mencionadas mais acima. Mas agora que sabemos a posição e o tamanho de Ross 128 b, já sabemos exatamente para onde apontar o Very Large Telescope (VLT) quando ele ficar pronto, em 2024. O equipamento, também instalado no deserto do Atacama e operado pelo ESO, terá potência suficiente para observar o novo planeta diretamente – sem intermédio dos números fornecidos por sua estrela. Isso não nos permitirá espiar suas montanhas de perto – alta definição tem limite – mas será suficiente para provar a existência (ou não) de uma atmosfera. E até, quem sabe, descobrir que tipo de gás há por lá.

Esses dados nos deixarão ainda mais próximos de estabelecer se ele é ou não uma potencial casa para nós. Ou, é claro, se ele já é a casa de alguém.

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