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Cientistas resolveram o mistério do vulcão “zumbi” da Bolívia

O Uturuncu não está ativo. Mas seu sono é conturbado: há décadas, seus "roncos" tem deformado o entorno. Entenda se há risco de erupção.

Por Eduardo Lima
3 Maio 2025, 14h03

O vulcão Uturuncu, no sudoeste da Bolívia, entrou em erupção pela última vez há 250 mil anos. Parecia tudo normal com o sono dessa montanha na Cordilheira dos Andes, até que ela começou a roncar. Há décadas, o vulcão “zumbi” tem mostrado que está se preparando para acordar.

A montanha cheia de magma assustou alguns geólogos porque ela estava soltando pum enquanto dorme. Pelo menos não é fedido: o principal gás liberado é o dióxido de carbono (CO₂), que é inodoro. Além das plumas de gás liberadas durante as últimas décadas, terremotos deformaram o chão em volta do vulcão. Tudo isso começou a aumentar o medo de uma possível erupção por perto.

Um novo estudo publicado no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences desvendou o mistério por trás das flatulências e roncos do vulcão adormecido. É tudo culpa do movimento de líquidos e gases na área debaixo da montanha, sem muito magma ameaçando sair para a superfície.

Agora que descobriram o motivo do comportamento zumbi do vulcão, vai até ficar mais fácil de prever o risco de possíveis erupções, com uma técnica criada pelos pesquisadores que pode ser usada para outros vulcões ativos.

Sem muito risco de erupção

Uturuncu é um vulcão grande e dormente, com 6.008 metros de altura. Ele é um estratovulcão: grande, íngreme, cônico e composto de muitas camadas (os estratos) de lava petrificada, cinza vulcânica e rochas. Normalmente, as erupções de vulcões desse tipo são explosivas, porque sua lava é grossa e aprisiona gases com facilidade. O Vesúvio, por exemplo, é um estratovulcão.

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Os cientistas chamam o Uturuncu de “zumbi” porque ele está dormente, mas seu sono é conturbado. Ele não é ativo no sentido mais comum do termo, mas tem uma “atividade constante não eruptiva”. Nos últimos 50 anos, isso tem deformado o chão em volta do vulcão, criando um padrão parecido com um chapéu mexicano: uma região alta central que afunda em volta.

Debaixo do vulcão está um enorme e profundo depósito de magma, o Corpo de Magma Altiplano-Puna, que se estende até o norte do Chile e da Argentina. Parte desse magma pode se acumular próximo à superfície, o que poderia indicar que o Uturuncu está se preparando para entrar em erupção.

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A equipe internacional de pesquisadores envolvida no estudo analisou os dados de mais de 1.700 terremotos na região para entender o que estava rolando com todo esse magma debaixo do Uturuncu. Além disso, eles também examinaram as pedras perto do vulcão, para entender o impacto da atividade sísmica na superfície.

Eles descobriram que, em vez de uma acumulação de magma perto da superfície, o que está subindo por uma chaminé natural são fluidos quentes e gases. São esses compostos que causam as flatulências do Uturuncu e as deformações no solo ao redor do vulcão.

A descoberta é um baita alívio, já que significa que o vulcão não está tão perto de uma erupção quanto parecia estar. A estratégia dos pesquisadores pode ser usada para entender o risco de erupção de mais de 1.400 outros vulcões “zumbis”, que não são considerados ativos mas demonstram um ou outro sinal de vida vulcânica.

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