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Cientistas treinam abelhas para farejar Covid-19

Os insetos treinados na Holanda já conseguem identificar fluidos corporais de pessoas infectadas pelo coronavírus. A habilidade poderia agilizar o diagnóstico ou identificar partículas contaminadas no ambiente.

Por Maria Clara Rossini
11 Maio 2021, 18h31

Pesquisadores da Universidade de Wageningen, na Holanda, têm treinado abelhas em laboratório para detectar amostras de animais com Covid-19. O estudo utilizou fluidos corporais de visons (mamíferos parentes das doninhas) e humanos, saudáveis ou contaminados pelo Sars-Cov-2. Segundo a universidade, mais de 150 abelhas foram treinadas para diferenciar a amostra contaminada da saudável.

A Covid-19, como outras doenças, causa alterações metabólicas no organismo que se manifestam no odor dos fluidos corporais. Humanos não possuem um olfato sensível o suficiente para detectá-los – mas outros animais, como os cães, dão conta do trabalho. Em um estudo realizado na Alemanha, oito cachorros treinados conseguiram identificar corretamente as amostras de Covid-19 em 94% dos casos.

Os cientistas holandeses, em parceria com a startup InsectSense, queriam ver se o mesmo valeria para as abelhas. Elas conseguem encontrar flores a quilômetros de distância, e também foram eficientes em identificar a Covid-19. 

Todas as vezes que as abelhas eram expostas a uma amostra contaminada, os pesquisadores ofereciam uma solução de água com açúcar, e os insetos esticavam a língua para bebê-la (veja na foto abaixo). Quando os insetos eram expostos a amostras saudáveis, os cientistas não ofereciam nada. 

Foto do treinamento da abelha para cheirar o coronavírus.
(Wageningen University & Research/Montagem sobre reprodução)
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Após algumas repetições do processo, algumas abelhas começaram a esticar a língua antes de receber o néctar, apenas ao sentir o cheiro das amostras de visons contaminados. Esses mamíferos foram escolhidos por serem suscetíveis à infecção pelo vírus. Eles são criados em fazendas da Europa e sua pele geralmente é utilizada para a produção de casacos. No entanto, casos de Covid-19 foram registrados em visons da França, Holanda, Espanha e outros países europeus. A Dinamarca, por exemplo, decidiu sacrificar todos os 17 milhões de animais criados no país para evitar o surgimento de novas variantes do coronavírus.

Após os primeiros testes com visons, os pesquisadores passaram a usar amostras humanas (possivelmente de suor; a universidade não revelou exatamente o que foi usado) nos testes, que também apresentaram resultados positivos. Segundo a equipe, o método poderia ser utilizado como uma forma de detecção imediata em locais com poucos recursos ou que não possuem laboratórios para realizar o teste RT-PCR, considerado o padrão-ouro para o diagnóstico da Covid-19.

É provável que as abelhas não substituam os testes tradicionais na maioria dos lugares, mas também podem agilizar o processo. Enquanto um teste PCR pode levar dias para ficar pronto, as abelhas detectam o cheiro segundos. Elas permanecem presas dentro de caixas e só precisam de um cotonete contaminado para esticar a língua. Se esse teste preliminar for positivo, o paciente já pode permanecer em quarentena enquanto aguarda pela confirmação do PCR.

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A quantidade de falsos-positivos e falsos-negativos das abelhas ainda não foi divulgada pelos pesquisadores – algo que é essencial para determinar a confiabilidade do método.

Os pesquisadores também estão trabalhando no protótipo de uma máquina capaz de treinar muitas abelhas de uma vez só. Basicamente, o que ela faz é automatizar o processo de expor as abelhas às amostras e ao néctar em seguida. Esses insetos poderiam ser soltos das caixas para detectar partículas de coronavírus presentes no ar de um determinado local. No entanto, esse método ainda não foi testado.

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