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Cinco novas ilhas foram descobertas na Rússia – e isso não é um bom sinal

Entre 2015 e 2018, 30 novas ilhas, cabos e baías surgiram entre as regiões de Nova Zembla e Terra de Francisco José.

Por Rafael Battaglia
29 ago 2019, 19h02

500 anos já se passaram desde as Grandes Navegações, período no qual os europeus foram ao mar e chegaram em terras antes desconhecidas por eles – a América, por exemplo. Mas acredite: mesmo com toda a tecnologia existente em pleno 2019, ainda há lugares inéditos na Terra sendo descobertos ou, no caso que contamos abaixo, aparecendo “do nada”.

Na última semana, a Rússia confirmou a existência de cinco novas ilhas em Novaya Zemlya (ou Nova Zembla), um arquipélago no mar de Kara, na região norte do país, próxima ao Oceano Ártico.

Elas foram identificadas pela primeira vez em 2016 pela estudante Marina Migunova. Isso aconteceu durante uma expedição do curso de uma academia naval em São Petersburgo do qual Marina fazia parte. Contudo, de acordo com o Ministério da Defesa russo, para que os locais fossem adicionados aos mapas, foi preciso que especialistas visitassem o local o comprovassem a descoberta.

SI_MapaNovaZembla
(Google Maps / Andy Faria/Montagem sobre reprodução)

As ilhas estão localizadas na baía de Vize e têm tamanhos diferentes: variam de 900 a 54,5 mil metros quadrados. O arquipélago em que elas estão, Novaya Zemlya, era usado para testes nucleares durante a Guerra Fria. Foi lá que, em 1961, a União Soviética testou a Tsar Bomba, a arma nuclear mais potente da história.

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Pela descoberta, Marina recebeu um diploma honorário da Sociedade Hidrográfica Russa. Hoje, ela trabalha como engenheira naval nas frotas da Marinha no norte do país.

Mas antes de bancar o Cristóvão Colombo e sair por aí como um explorador, saiba que o surgimento dessas novas ilhas não é um bom sinal. Pelo contrário: o fenômeno ilustra os efeitos do aquecimento global. Tudo indica que elas apareceram como consequência do derretimento acelerado de geleiras.

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As porções de terra que agora formam as ilhas estavam escondidas sob a geleira Nansen, também conhecida como Vylka, que cobre boa parte de Nova Zembla e que integra a maior calota de gelo da Europa. Com o aumento das temperaturas na região do Ártico, o gelo derreteu – e elas apareceram.

Não foi um caso isolado. Entre 2015 e 2018, 30 novas ilhas, cabos e baías surgiram entre as regiões de Nova Zembla e Terra de Francisco José (Franz Josef Land), outro arquipélago dali. O monitoramento é feito via satélite pelo serviço hidrográfico da Rússia, e espera-se que mais locais assim sejam encontrados.

Essa erosão costeira é provocada pelo derretimento da permafrost – tipo de solo permanentemente congelado e que é encontrado no Ártico – causado pelas temperaturas elevadas no ar e na água da região. Isso também afeta o habitat dos animais que vivem por lá, fazendo com que ursos polares apareçam em cidades, por exemplo.

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Segundo o site Telegraph, o presidente russo, Vladmir Putin, disse que a região ártica estava aquecendo quatro vezes mais rápido que o resto do mundo. De acordo com ele, o governo vem instalando bases militares na região, e tem planos de expandir o transporte marítimo na região, uma vez que o gelo está derretendo.

 

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