O Sol, por diversos motivos, é uma estrela diferente das outras que existem na nossa galáxia, a Via Láctea. Um desses motivos é que ele gira solitário pela Via Láctea, enquanto a maior parte das estrelas têm companheiras. Elas passeiam pelo espaço em duplas, trios ou, em alguns casos, até em quintetos.
Nós podemos imaginar, por exemplo, um ou mais planetas girando em torno de uma estrela dupla. Para começar, os dias mostrariam um espetáculo que os terráqueos nem podem imaginar: dois sóis correndo ao mesmo tempo no céu, em vez de um só. E as noites talvez fossem ainda mais impressionantes – quando uma das estrelas aparecesse no céu apenas depois que a outra se pusesse no horizonte. Em plena noite, portanto. Isso é perfeitamente possível, dependendo do arranjo de todos esses astros no espaço.
Podemos pensar num sistema de duas estrelas girando em volta de um centro comum. Uma delas poderia ser semelhante ao nosso Sol. Inclusive na cor, amarela. A outra, copiando um modelo mais ou menos comum na galáxia, poderia ser um velhíssimo astro da categoria das anãs vermelhas, que têm esse nome devido à cor e ao tamanho, muito compacto (uma anã vermelha que tivesse a mesma massa do Sol, seria aproximadamente do tamanho da Terra). Além disso, haveria três hipotéticos planetas circulando entre as estrelas (veja o infográfico na página seguinte).
Numa configuração como essa, o planeta que estivesse mais perto do sol maior ficaria sempre à volta dele: não poderia girar em torno do outro sol, bem mais afastado. É o que aconteceria se a distância entre esse planeta hipotético e a estrela principal fosse igual à distância que separa a Terra e o Sol, aqui no nosso próprio sistema solar. Nesse caso, durante mais ou menos metade do ano, a estrela mais fraca apareceria no céu de dia, fazendo um par colorido com a estrela principal. Na outra metade do ano, ela iluminaria o planeta apenas de noite, imprimindo seu longínquo brilho avermelhado à escuridão.
Quanto ao segundo planeta, o jogo ficaria mais complicado: se a sua distância com relação à estrela principal fosse igual à de Saturno em relação ao Sol, a órbita desse mundo imaginário teria a forma de um “oito” em torno das duas estrelas. Num ano, ele estaria junto do sol mais forte. E, na primeira metade desse ano, os dias teriam dois sóis, com predomínio do amarelo. Na segunda metade, haveria um sol amarelo de dia e um sol vermelho à noite. No outro ano, o planeta passaria a orbitar o sol vermelho. O ano, novamente, teria duas partes: uma, com dois sóis de dia e predomínio do vermelho. Na outra parte, só o sol vermelho brilharia de dia e o amarelo, só de noite. Finalmente, o mais longínquo dos planetas teria uma órbita bem esticada, passando em volta das duas estrelas. Elas estariam sempre no céu, de dia, e nunca iluminariam as noites.
Ninguém sabe ao certo se há planetas em outras estrelas. Mas uma das regiões investigadas, atualmente, é justamente um sistema de estrelas triplas – não por acaso, as mais próximas do Sol. A mais importante chama-se Alfa do Centauro e aparece a maior parte do ano, no céu da Terra, como um ponto amarelado, logo à esquerda do Cruzeiro do Sul (veja o Mapa do Céu, na página 83). Está a 4,3 anos-luz, ou 40,8 trilhões de quilômetros. Perto dela, há outra estrela amarela, e, mais longe, uma anã vermelha, a Próxima do Centauro. Embora não possa ser vista a olho nu, a Próxima é a que está, na média, mais perto de nós.
Mais opções no céu
No nosso sistema solar, todos os planetas giram em volta do Sol numa órbita elíptica, quase circular. Veja, acima, o que aconteceria com três planetas hipotéticos num sistema de dois sóis. O planeta 1 (ilustrado à esquerda) teria órbita parecida com a da Terra. Ela seria elíptica, envolvendo somente a estrela maior. O planeta 2 teria uma órbita bem diferente, desenhando um “oito” entre as duas estrelas. O planeta 3 formaria uma elipse muito mais alongada do que a do planeta 1, englobando as duas estrelas. Esse tipo de órbita lembra a dos cometas, no sistema do Sol.