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Começa a contagem regressiva para o arriscado pouso da Índia na Lua

Sonda Chandrayaan-2 está prestes a pousar no polo sul lunar — entenda o que está em jogo e o que a ciência tem a ganhar com essa missão inédita.

Por A. J. Oliveira
Atualizado em 5 set 2019, 18h10 - Publicado em 5 set 2019, 18h10

Pode apostar: dezenas de cientistas estão fazendo de tudo para manter a calma no centro de controle da agência espacial indiana, a ISRO. O pouso da sonda e do rover que integram a missão Chandrayaan-2 está marcado para ocorrer entre às 17h e 18h desta sexta (6) no horário de Brasília. 

Como já explicamos aqui na SUPER recentemente, a empreitada da Índia na superfície da Lua é, ao mesmo tempo, muito promissora cientificamente e extremamente barata. Vários filmes de Hollywood custaram mais que os US$ 150 milhões que bancaram o projeto. O primeiro grande acerto da ISRO foi o local que escolheu para seu pouso: o polo sul lunar é uma região cobiçada por conter abundância de recursos naturais.

Ali as crateras abrigam imensas reservas de água congelada, e há ainda significativos depósitos de minerais como magnésio, ferro, cálcio e titânio. Tanto que a Nasa trabalha com a ideia de mandar astronautas justamente para lá em 2024. Outras agências espaciais e empresas também já demonstraram interesse em explorar a região. Mas, até agora, todas as missões lunares pousaram somente nas proximidades do equador do satélite natural.

Além de entrar para a história como o quarto país a deixar pegadas robóticas na Lua (só URSS, EUA e China conseguiram), a Índia será a primeira a alcançar com seu pouso suave uma região lunar muito cotada. Só que o procedimento é extremamente desafiador. A sobrevivência da pousadora Vikram e do rover Pragyan depende do sucesso do sistema autônomo de pouso, projetado para selecionar um local com relevo amigável.

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Se houver pedregulhos demais no solo ou inclinação além do planejado, a sonda pode tombar — e toda a aventura estará arruinada. É por isso que os momentos que antecedem o pouso serão os mais aterrorizantes para a ISRO. Para se assegurar, a agência até escolheu um ponto B para a alunissagem, perto do original, a 600 quilômetros do polo sul.

O principal objetivo é compreender melhor as reservas de água primeiramente identificadas pela missão precursora no programa lunar indiano, a Chandrayaan-1. Na exploração espacial, água vale mais que petróleo. Com ela dá para produzir combustível de foguetes e de naves espaciais. Espera-se que um dos oito instrumentos a bordo da sonda orbital, um espectrômetro infravermelho, faça o primeiro mapeamento detalhado da água lunar. 

Além do mais, o fato de ser uma área inexplorada da Lua ajuda os cientistas a terem uma compreensão mais global de suas características. Antes ficava a dúvida: traços que apareciam em todas as amostras das missões que exploraram o equador valiam para a Lua toda, ou só para a região equatorial? Se tudo der certo, com os outros cinco instrumentos a bordo da Vikram e do Pragyan, vai dar para saber.

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Pela primeira vez, um radar na sonda orbital vai usar frequências para mapear o gelo em crateras onde a luz nunca bate, e também para estudar rochas lunares. Durante um ano, ela vai operar em uma órbita que abrange do polo sul ao polo norte, para trabalhar em conjunto com os parceiros de solo e reforçar seus achados. A Vikram vai medir pequenos terremotos lunares que têm feito a Lua “encolher” ao longo das últimas centenas de milhões de anos. 

Tem até um instrumento da Nasa de penetra, focado em coletar dados para medir com maior precisão a distância entre a Terra e seu satélite natural, além de entender melhor sua órbita. Diante de tudo isso, fica claro que não é só o público que está ansioso pelos desdobramentos da Chandrayaan-2. Cientistas do mundo todo também vão acompanhar o pouso de perto — ávidos pelas valiosas descobertas que a missão promete entregar.

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