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Como os primeiros animais sobreviveram à “Terra Bola de Neve”

Entre 720 e 580 milhões de anos atrás, o nosso planeta esteve coberto por uma espessa camada de gelo. Entenda como era a vida primitiva nesse ambiente

Por Maria Clara Rossini
4 jan 2023, 15h00

Nosso planeta nem sempre foi um ambiente agradável para morar. Entre 720 e 580 milhões de anos atrás, a Terra passava por um período chamado pelos geólogos de “bola de neve”. Porque era provavelmente isso que ela parecia quando vista do espaço: uma esfera coberta por uma camada de gelo de um quilômetro de espessura, do polo norte ao sul. Imagine viver um clima antártico em pleno equador. 

Ao longo de seus 4,5 bilhões de anos de história, a Terra passou por diferentes períodos de glaciação. Cientistas acreditam que o período “bola de neve” tenha sido causado por uma maior fixação do gás carbônico no solo. A redução do CO2 na atmosfera diminui o efeito estufa e provoca uma queda nas temperaturas – permitindo uma expansão do gelo dos polos até o equador.

Sorte que nenhum humano teve que aturar essa época – afinal, os primeiros espécimes do gênero Homo só surgiram há 2 milhões de anos. Mas a Terra não estava vazia. Algumas formas de vida multicelulares já vagavam pelo planeta – e existem evidências dos primeiros animais (como esponjas) nessa época.

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Mas não é tão simples descobrir como eles sobreviveram. Há poucos registros fósseis preservados, o que deixa os cientistas com poucos recursos para propor teorias e hipóteses sobre como era o mundo nessa época. Mesmo assim, um grupo de pesquisadores da British Antarctic Survey recentemente publicou um artigo sobre as possíveis estratégias de sobrevivência adotadas pelos animais da época.

Primeiro, é preciso dividir a Terra Bola de Neve em três períodos. O primeiro é chamado de “Sturtiano”, e durou entre 720 e 660 milhões de anos atrás. Depois vem o “Marinoano”, que começou há 650 milhões de anos e durou apenas 15 milhões de anos. O último e mais curto deles é chamado “Gaskiers”, e aconteceu há 580 milhões de anos.

O gelo apagou boa parte dos registros fósseis, mas a equipe de pesquisadores se baseou em alguns espécimes remanescentes. Esses fósseis mostram tipos primitivos de animais, que se assemelham a folhas de samambaias. Os organismos viviam fixados no solo do fundo do mar que existia abaixo do gelo, e provavelmente absorviam nutrientes da própria água.

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Outra hipótese, apresentada no novo estudo, sugere que as estratégias de sobrevivência desses animais se assemelham ao que vemos na Antártida hoje. Anêmonas, por exemplo, vivem de cabeça para baixo, fixas no gelo acima do mar – e os pesquisadores propõem que isso possa ter ocorrido com os animais que viviam na bola de neve.

Um dos desafios que esses organismos viviam era a falta de oxigênio. Não só porque os níveis de oxigênio no ar eram mais baixos, mas também porque havia pouco contato da atmosfera com a água. O derretimento do gelo (que estava em contato com a atmosfera) pode ter fornecido água oxigenada na região superior do mar, favorecendo os animais que viviam ali. Correntes marítimas também podem ter ajudado a levar o oxigênio próximo à superfície para regiões mais profundas.

A vida não era fácil, mas felizmente não durou muito tempo. Após a Terra Bola de Neve, quando as temperaturas voltaram a ser mais amenas, aconteceu a explosão do Cambriano, 540 milhões de anos atrás. Esse período foi marcado pelo surgimento e diversificação de diversos seres vivos em um curto espaço de tempo. Ainda bem que nossos ancestrais animais seguraram as pontas durante o inverno. Caso contrário, provavelmente não estaríamos aqui.

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