Contaminação humana está levando os urubus à extinção
16 das 22 espécies da ave estão correndo risco de desaparecer. Apesar da impopularidade do bicho, sua extinção seria uma tragédia para os ecossistemas.
A notícia obviamente não está causando tanta comoção como quando o assunto são pandas, baleias ou micos-leões. Mas é grave: os urubus estão desaparecendo. Das 22 espécies dessa lúgubre ave, 4 estão quase ameaçadas de extinção, 3 estão ameaçadas e 9, em situação crítica. É o grupo mais ameaçado de desaparecer entre todas as aves do mundo.
A situação vinha intrigando os biólogos, porque a maioria das aves que comem carniça, como corvos, cegonhas e gaivotas, estão indo muito bem obrigado: sua população está crescendo, em parte graças aos desequilíbrios causados pela humanidade em outras populações animais. Foi com isso em mente que um time de pesquisadores da Universidade de Utah, nos EUA, resolveu fazer um grande estudo para entender as razões da crise entre os urubus.
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O que eles descobriram é que os “carniceiros opcionais” estão se dando bem, mas os “carniceiros obrigatórios” não. Corvos, cegonhas e gaivotas são onívoros com uma dieta diversa: até gostam de um cadáver, mas comem de tudo. Já os urubus não têm opção: sem um mortinho, passam fome.
Justamente por isso, estão ingerindo doses extremamente altas de medicamentos e venenos dados por humanos a outros animais. O maior problema parece ser a droga veterinária diclofenac, um anti-inflamatório bovino que causa sérios problemas hepáticos em aves, quando elas comem as vacas contaminadas. Mas, além disso, há urubus morrendo por comer hienas e leões envenenados por criadores de gado, e por intoxicação por inseticidas, raticidas e chumbo de munição. Os pesquisadores descobriram que, em 2007, uma única carcaça envenenada de elefante matou pelo menos 600 aves carniceiras de uma vez, na Namíbia.
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Mas e daí? Quem se importa?
Segundo os pesquisadores, é melhor nos preocuparmos. A redução brusca na população de urubus está levando a uma explosão populacional de outros animais que curtem lambiscar uma carcacinha, como ratos e cães selvagens. Ao contrário dos urubus, essas espécies não vêm equipadas com estômagos especializados em matar micróbios letais: por isso, elas transmitem doenças. O fim dos urubus fatalmente levaria a pragas e epidemias, além de piorar muito o cheiro do mundo.
Os pesquisadores de Utah concluem que o problema poderia ser resolvido facilmente: bastaria banir o comércio de certas substâncias perigosas aos urubus. Difícil é convencer governos e ambientalistas a se mobilizarem para salvar uma ave tão impopular.
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