É possível criar matéria a partir do nada
Cientistas descobrem como extrair partículas do vazio - sem depender de nenhuma matéria-prima da natureza
Bruno Garattoni e Salvador Nogueira
Nada se cria, tudo se transforma. Essa lei da física pode estar sendo ultrapassada por um grupo de pesquisadores da Universidade de Michigan, que diz ter descoberto um meio de gerar matéria a partir do vácuo – popularmente conhecido como “nada”. Isso seria possível porque, na verdade, o que nós chamamos de nada não é um vazio absoluto. Está cheio de partículas de matéria e antimatéria, que se anulam mutuamente. A novidade é que os pesquisadores descobriram um jeito de separá-las, usando equipamentos cuja tecnologia já é dominada pelo homem – no caso, um canhão de elétrons e um laser de altíssima potência, que seriam disparados contra o vácuo para separar a matéria da antimatéria, provocando uma reação em cadeia que resultaria na geração de novas partículas. “É possível gerar centenas de partículas usando apenas um elétron”, diz o físico Igor Sokolov. “O problema era calcular essas reações. Agora podemos fazer isso”, explica o físico Gastão Krein, da Unesp. Os cientistas dos EUA pretendem fazer uma experiência em escala reduzida usando o Hercules, um laser da Universidade de Michigan.
As partículas oriundas do nada são apenas elétrons e pósitrons (equivalentes dos elétrons no mundo da antimatéria). Não são átomos completos, com os quais seria possível fabricar coisas. Mas os cientistas acreditam que a descoberta poderá ser extremamente útil, e ajudar nas pesquisas sobre fusão nuclear – técnica que há décadas é estudada pelos físicos, e um dia poderá gerar energia limpa e quase infinita para a humanidade.