Eles são mais resistentes do que a ciência imaginava
Vários animais selvagens vivem hoje completamente fora de seus habitats naturais. E não é culpa nossa: eles é que são mais adaptáveis do que todos achavam
Jacarés em praias, focas em mares quentes, leões da montanha em pradarias, orangotangos fora de florestas, lontras marinhas em pântanos. Esse tipo de fenômeno costuma estar ligado à degradação ambiental. Mas talvez não seja o caso. É o que concluiu um estudo da Universidade Duke, nos EUA. Eles atestaram que jacarés, lontras e outros predadores estão apenas retomando habitats que já ocuparam um dia, há centenas ou milhares de anos – antes de a concorrência com humanos os ter afastado.
O curioso: essas populações estão aparecendo em áreas que eram consideradas hostis para elas – jacaré, todos achavam, não deveria gostar de água salgada; leões da montanha, bem, só deveriam curtir montanhas. Analisando dados de pesquisas anteriores e relatórios oficiais, os cientistas atestaram que esses animais podem estar tão ou mais abundantes nesses habitats novos do que nos tradicionais.
“A suposição mais aceita é que esses animais vivem onde vivem porque é o melhor habitat para a espécie deles. Daí nascem impressões como as que jacarés amam pântanos, lontras marinhas vivem melhor em lugares com algas, orangotangos só sobrevivem em florestas perfeitamente preservadas, mamíferos marinhos preferem as águas dos polos, diz Brian Silliman, um dos autores do estudo. “Mas tudo isso é baseado em estudos e observações feitos enquanto essas populações desses animais estavam em declínio. Agora, que estão recuperadas, eles nos surpreendem demonstrando o quão adaptáveis realmente são”.