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Emissões de metano estão crescendo na taxa mais rápida em décadas

Em seus primeiros 20 anos na atmosfera, o metano guarda 80 vezes mais calor do que o CO₂. Um novo estudo mostra a urgência de cortar as emissões do gás.

Por Eduardo Lima
30 jul 2024, 18h00

O gás metano é o mais simples dos hidrocarbonetos. Pode não parecer grande coisa, mas ele é um dos principais responsáveis pelo efeito estufa, guardando calor na atmosfera terrestre e causando o aquecimento global. Agora, as emissões globais desse gás vem crescendo na taxa mais rápida em décadas, de acordo com novo estudo publicado na revista Frontiers in Science.

As emissões de metano causadas pelos seres humanos são responsáveis por cerca de metade do aquecimento global já experimentado. Elas vêm crescendo sem parar desde 2006, e os cientistas pesquisando o assunto alertam que continuarão subindo se não forem tomadas medidas urgentes para reverter a poluição.

O estudo, publicado nesta terça-feira, 30, foi feito por 15 cientistas do mundo todo, mostrando a importância da redução das emissões de metano para ficar dentro do limite global de aquecimento de 1,5 a 2 °C.

Os cientistas reconhecem que o foco global para diminuir as emissões de dióxido de carbono (CO₂) é muito importante, já que a substância é a principal responsável pelo aquecimento global. O metano foi deixado um pouco de lado, mas ele tem 80 vezes mais de poder de aquecimento do que o CO₂ nos primeiros 20 anos que ele passa na atmosfera.

Por que aumentou

As emissões de metano estavam relativamente estáveis até duas décadas atrás. Isso mudou em 2006, quando as quantidades do gás na atmosfera voltaram a aumentar. Desde que a década de 2020 começou, as emissões globais de metano têm crescido cerca de 30 milhões de toneladas a cada ano. Os recordes de emissões foram quebrados em 2021 e, logo depois, em 2022.

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Por que esse crescimento? Uma das principais fontes de metano é a extração e o processamento de petróleo, gás natural e carvão. As perfurações muitas vezes acontecem por fraturamento hidráulico, mais conhecido pelo nome em inglês de fracking. O método, que possibilita a extração de combustíveis do subsolo, têm sido muito usado no século 21, apesar dos impactos ambientais severos.

Outra fonte de metano que cresceu nas últimas duas décadas foram as criações de gado. Os arrotos das vacas são grandes fontes de emissão de metano, já que elas produzem e liberam o gás durante sua digestão. Menos importante mas também contribuindo para o efeito estufa, as plantações de arroz também liberam metano.

Quanto mais metano na atmosfera, mais quente o planeta fica. E, quanto mais quente a Terra estiver, mais metano vai ser liberado. Esse ciclo vicioso acontece porque matéria orgânica em pântanos decompõe mais rápido em temperaturas maiores, liberando ainda mais do gás.

Por que precisamos parar

155 países concordaram em cortar as emissões de metano em 30% até 2030. Por enquanto, só 13% das emissões são atingidas por políticas públicas, e só 2% do financiamento global envolvendo questões climáticas está dedicado para o metano.

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O dióxido de carbono fica na atmosfera por milhares de anos, precisando ser removido. O metano é uma ameaça mais fácil de exterminar, porque ele não fica na atmosfera por tanto tempo. Se todas as emissões fossem cortadas imediatamente, 90% do gás teria sumido do planeta em 30 anos.

Para os cientistas estudando o metano, ele pode ser nossa arma mais importante para reduzir o aquecimento entre agora e 2050. A resposta da natureza para seu corte é rápida. Como explicou o cientista climático Drew Shindell para o jornal britânico The Guardian, “reduzir CO₂ vai proteger nossos netos, reduzir metano vai nos proteger agora”.

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