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Encontraram o lugar perfeito para uma base humana na Lua

Spoiler: é uma caverna do tamanho de uma pequena cidade, formada por rios de lava há bilhões de anos

Por Bruno Vaiano Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
19 out 2017, 16h07

Viver na Terra é muito conveniente: há uma atmosfera e um campo magnético para nos proteger de coisas perigosas como raios cósmicos, variações de temperatura bruscas e ventos solares.

Na Lua, a coisa muda de figura. Você olha para o alto e vê o espaço aberto – sem um céu azul entre os seus olhos e as estrelas. Sobreviver fica mais difícil: ninguém consegue passar meses dentro de uma roupa de astronauta branca como a de Neil Armstrong (e mesmo ela não confere o grau de proteção necessário para estadias prolongadas).

Uma solução possível para esse impasse é confiar parte da nossa proteção ao próprio relevo do satélite natural. E é isso que propõem engenheiros da Universidade de Tokai, no Japão, em um artigo científico publicado nesta semana.

Com base em dados colhidos há cerca de uma década pela sonda Selene – lançada pelo Japão em 2007 –, eles identificaram imensas cavernas subterrâneas, dentro das quais um ser humano estaria, até certo ponto, protegido das intempéries. Esses túneis, com espessos tetos de rocha, foram formados pela passagem de lava há bilhões de anos, quando o satélite era geologicamente ativo, e têm alguns quilômetros quadrados de área livre em seu interior.

O mais promissor entre esses buracos é o MHH (Marius Hills Hole, uma referência ao nome da cadeia de vulcões inativa em que ele está localizado), que você vê na imagem abaixo. Não se engane pela aparência discreta: ele é como o buraco de Alice. O acesso é pequeno, mas há um mundo lá embaixo.

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melosh-lava
The Marius Hills Skylight, as observed by the Japanese SELENE/Kaguya research team.
Image by: NASA/Goddard/Arizona State University (Goddard/Arizona State University/NASA)

O objetivo original dos radares da Selene não era identificar tubos gigantes formados pela circulação de lava (o que seria um pouco específico demais, de qualquer forma). Embora seus dados dessem dicas muito boas de onde essas estruturas se escondem, foi preciso aperfeiçoá-los por meio de informações colhidas por outra missão: a Grail, da Nasa.

O que a Grail faz é analisar a gravidade da Lua. Se há um déficit de massa em algum ponto de sua superfície – ou seja, um local em que o satélite é mais “leve” do que deveria ser – esse é um bom sinal de há um buraco ali.

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Essa sacada genial – combinar dados de radar e medições de gravidade – deu aos cientistas o relatório mais preciso já produzido sobre as características das imensas cavernas lunares. “Já se sabia sobre a abertura em Marius Hills, mas não se fazia ideia de até onde essa cavidade ia”, explicou em comunicado o astrofísico Jay Melosh, que faz parte do Grail e participou da pesquisa. “Nosso grupo, na Universidade de Purdue [nos EUA], usou as informações de gravidade daquela área para inferir que a abertura era parte de um sistema mais complexo.”

A conclusão otimista é que um tubo (ou túnel) de lava grande o suficiente para influenciar no campo gravitacional de um corpo precisaria ter vários quilômetros de comprimento e pelo menos um quilômetro de altura ou de largura. Sem dúvida um ótimo lugar para abrigar uma base humana permanente – o que, segundo secretários de Trump, se tornou um dos principais objetivos do programa espacial norte-americano (na gestão Obama, o alvo nº1 era Marte).

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