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Esta abelha é fêmea do lado direito do corpo, e macho do lado esquerdo

Trata-se de um inseto ginandromorfo – entenda o que é isso.

Por Carolina Fioratti
Atualizado em 6 abr 2020, 19h35 - Publicado em 6 abr 2020, 19h02

Você já ouviu falar em ginandromorfismo? Essa abelha pode te ajudar a entender a condição. O inseto, visto pela primeira vez pelo entomologista Erin Krichilsky, da Cornell University, tem a parte esquerda de seu corpo fisiologicamente masculina, enquanto a direita é feminina. 

Diferente dos seres hermafroditas, que têm apenas os órgãos reprodutivos de ambos os sexos, os ginandromorfos possuem o corpo todo dividido exatamente ao meio entre os dois sexos. A condição pode aparecer em pelo menos 140 espécies de abelhas, além de borboletas, aves, répteis e até crustáceos. 

Mas, o que torna essa abelha tão especial? Ela é a primeira de sua espécie (Megalopta amoenae) a apresentar ginandromorfismo. As abelhas fêmeas são as responsáveis por pegar no batente, então têm pernas traseiras grossas e peludas, para transportar o pólen; mandíbula fortes e com dentes, para cavar madeira; e ferrão afiado, para sua defesa. Enquanto isso, os machos são responsáveis, simplesmente, pela reprodução. São bem magrinhos e delicados.

Outro ponto que torna esse bichinho tão curioso é o fato de ele estar vivo. O ginandromorfismo costuma ser notado apenas quando o animal já está morto e em coleções de museus. Mas, nessa situação, o pesquisador percebeu que havia algo diferente no inseto enquanto estudava abelhas vivas no Smithsonian Tropical Research Institute. Na foto a seguir, você percebe as diferenças (num exemplar morto). Primeiro vem o lado fêmea. Depois, o lado macho.

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(Chelsey Ritner/Utah State University/Divulgação)

Com a abelha viva, foi possível estudar o comportamento dos ginandromorfos. Krichilsky e sua equipe decidiram então rastrear seu ciclo diário de sono. O inseto mostrou que acorda com as galinhas, saindo para buscar comida um pouco mais cedo que as fêmeas de sua espécie. Mas, mesmo com essa informação, não se pode afirmar que o comportamento é exclusivo de ginandromorfos, já que só uma abelha foi monitorada. O importante, nesse caso, é a documentação de suas ações para possíveis comparações futuras.

Como ocorre o ginandromorfismo nas abelhas

Para começo de conversa, você precisa saber que a abelha-rainha é quem decide quem vai ser macho ou fêmea. Ela acasala com alguns zangões, e eles liberam os espermatozoides. Então, a rainha os deixa armazenado num tipo de capsula. Depois, ela escolhe quais óvulos serão fecundados e quais não. Ela deixa seus ovos em estruturas da colmeia, chamadas alvéolos. Lá, os óvulos fecundados darão origem a fêmeas. Os óvulos não fecundados também são postos ali, e deles nascem zangões. Eles se desenvolvem por um processo chamado partenogênese, ou seja, são originados direto dos óvulos da rainha. Não precisam do espermatozoide – são clones dela, só que machos. 

Mas, em situações raras, pode ser que a abelha-rainha deixe chegar um segundo espermatozoide até um óvulo já fertilizado, que antes daria origem a uma fêmea. E aí surgem duas linhagens, uma em cada metade do embrião. A primeira, formada pelo espermatozoide com o óvulo, gerando a parte feminina, a outra apenas com o espermatozoide, desenvolvendo tecido masculino por partenogênese.

É isso. Há mais mistérios entre machos e fêmeas do que a nossa vã filosofia consegue explicar. Mas a biologia dá um jeito.

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