FDA aprova primeiro medicamento feito a partir da microbiota intestinal humana
O Rebyota utiliza bactérias coletadas de fezes humanas. Mas é por um bom motivo: o tratamento previne infecções perigosas. Entenda como funciona.
A Food and Drug Administration – considerada a “Anvisa” dos Estados Unidos – autorizou na última quarta-feira (30) o primeiro medicamento feito a partir da microbiota intestinal humana, chamado Rebyota. O tratamento parte de fezes doadas por pessoas saudáveis – e a única parte utilizada são os microrganismos presentes ali. Eles ajudam a prevenir infecções causadas pela bactéria Clostridioides difficile.
Esse micróbio pode causar uma doença chamada colite pseudomembranosa. Ela causa diarréia, inflamação do cólon e, dependendo da gravidade do quadro, pode ser fatal. Segundo a agência americana, a colite pseudomembranosa está associada a entre 15 e 30 mil mortes anualmente nos Estados Unidos.
Algumas pessoas podem ter quadros recorrentes de colite. A idade avançada e sistema imune comprometido são fatores de risco para o desenvolvimento da infecção. O uso excessivo de antibióticos também pode alterar a microbiota intestinal, fazendo com que o Clostridioides difficile se multiplique e libere toxinas que causam a inflamação.
É aí que o Rebyota entra. O líquido é administrado via retal em uma única dose. O tratamento reequilibra a microbiota intestinal e previne a proliferação do Clostridioides difficile. É como uma transferência da microbiota de um indivíduo saudável para um que tem tendência a desenvolver colite. Tanto os doadores quanto as amostras de fezes são testados para evitar a presença de agentes infecciosos.
O medicamento é recomendado para maiores de 18 anos que têm infecções recorrentes, atuando como uma prevenção. Isso é importante devido às cepas resistentes do Clostridioides difficile, que não respondem a antibióticos. A solução, então, é atacar a causa do problema antes que ele se desenvolva – que é a microbiota desequilibrada.
O transplante fecal já é um tratamento utilizado para esse fim, mas o Rebyota é o primeiro “produto de microbiota fecal” aprovado pela FDA. Nos ensaios clínicos, uma dose do medicamento reduziu a taxa de surgimento de Clostridioides difficile em 29,4% em comparação ao grupo que tomou o placebo.
Alguns dos efeitos adversos reportados são dores abdominais, diarreia e náusea. E apesar das fezes serem testadas para a presença de outros patógenos, há uma chance de que elas transmitam agentes infecciosos, assim como alimentos que podem ser alérgicos.