Fim do Universo está (muito) mais próximo do que imaginávamos
Mas ainda está distante o suficiente para que você não tenha que se preocupar. O cálculo é baseado em um processo semelhante à radiação Hawking.

O Universo está com os anos contados. Segundo um novo estudo, restam apenas 1078 anos até que todas as estrelas deixem de existir. É bem menos do que a estimativa anterior, de 101100 anos.
O número ainda é alto o suficiente para que você não tenha que se preocupar. Sem a notação científica, estamos falando de 1000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000 anos. Imagine que, na estimativa anterior, esse número teria 1100 zeros – e você teria que rolar a página para chegar ao fim.
Os novos cálculos foram feitos por um trio de cientistas da Universidade Radboud, nos Países Baixos. Em 2023, eles publicaram um artigo mostrando que diferentes objetos podem decair por um processo semelhante à radiação Hawking, algo que até então acreditava-se ser restrito aos buracos negros. Na época, diversos pesquisadores perguntaram quais seriam as implicações dessa descoberta no tempo de vida das estrelas. Agora temos a resposta.
A nova data de validade leva em conta apenas a radiação semelhante à Hawking. 1078 anos é o tempo que as estrelas anãs brancas, os corpos celestes mais longevos do Universo, levariam para decair por meio da radiação.
Os pesquisadores chegaram ao resultado usando como base uma reinterpretação da radiação Hawking. Em 1975, Stephen Hawking postulou que, quando um par virtual de partículas surge no horizonte de eventos de um buraco negro, uma delas é consumida e a outra escapa na forma de energia – afinal, a teoria da relatividade mostra que toda massa é energia. Essa energia fugitiva ficou conhecida como radiação Hawking.
Uma das consequências desse postulado é que o buraco negro decai aos poucos, à medida que perde massa/energia. Isso cria um paradoxo e contradiz a teoria da relatividade, que diz que um buraco negro só pode crescer. (Leia mais neste texto).
O que o trio de pesquisadores descobriu em 2023 é que esse processo teoricamente se aplica a outros objetos com campo gravitacional – como estrelas, planetas, satélites naturais etc. O que define o tempo de decaimento do objeto é sua densidade. Quanto mais denso, mais rápido ele “evapora” por meio da radiação.
Buracos negros e estrelas de nêutrons (ambos estupidamente densos) levam o mesmo tempo para decair: 1067 anos. Embora os buracos negros sejam mais densos que as estrelas de nêutrons, os autores pontuam que aqueles não tem superfície: “Eles reabsorvem parte da própria radiação, o que inibe o processo”, disse Michael Wondrak, coautor do estudo, em comunicado.
Só por curiosidade, os pesquisadores também calcularam quanto tempo levaria para a Lua e um ser humano decaírem por meio desse processo. Por serem bem menos densos que uma estrela, o resultado é que levaria 1090 anos para evaporarem por radiação. É claro, os autores notam, que outros processos levariam os humanos ou a Lua a desaparecerem bem antes disso.