Abril Day: Assine Digital Completo por 1,99

Gemini e Voskhod: a primeira caminhada espacial e a acoplagem inédita

Os soviéticos fizeram a primeira caminhada espacial; os americanos, a primeira acoplagem – ambas habilidades essenciais para a ida à Lua.

Por Salvador Nogueira
Atualizado em 11 out 2019, 17h13 - Publicado em 16 jul 2019, 17h02

Mesmo antes de definir a arquitetura de suas missões lunares, a Nasa sabia que precisaria demonstrar previamente certas capacidades para ter alguma chance de sucesso. Por exemplo: o desenvolvimento de técnicas eficientes de encontro e acoplagem em órbita, o teste de equipamentos destinados às caminhadas espaciais e a realização de manobras orbitais sofisticadas.

Para atender a essas demandas, ainda em 1961, a agência americana decidiu criar um projeto intermediário, Gemini (Gêmeos), usando os foguetes Titan II e uma cápsula para dois tripulantes.

A União Soviética estava surfando na onda espacial, e não havia qualquer intenção de deixar os americanos saltarem adiante. Por isso, o líder soviético Nikita Kruschev requisitou que o projetista-chefe Sergei Korolev criasse uma nave com capacidade para mais de um cosmonauta e a lançasse antes da Gemini. Para Korolev, era um passo atrás. Ele já estava trabalhando num modelo mais sofisticado, a famosa Soyuz, cápsula que até hoje transporta gente ao espaço. Só que ela não ficaria pronta a tempo de bater a Gemini, de forma que Korolev teve de parar os trabalhos e criar algo mais simples: a Voskhod (Nascente), nave capaz de – forçando a barra – levar três pessoas. Seu primeiro voo foi em 12 de outubro de 1964, com Vladimir Komarov, Boris Yegorov e Konstantin Feoktiskov. A missão durou um dia e colocou a União Soviética de novo na dianteira.

SI_GeminiVoskhod_1
Alexei Leonov em caminhada espacial, numa pintura de sua autoria. (Vyacheslav Prokofyev/Getty Images)

Não bastasse isso, menos de seis meses depois, a missão Voskhod 2 realizaria a primeira caminhada espacial da história. Foi em 18 de março de 1965. O cosmonauta Alexei Leonov passou 12 minutos fora da nave, protegido só por seu traje espacial, enquanto seu colega Pavel Belyayev o esperava do lado de dentro. Os soviéticos venderam o feito como mais um sucesso, mas a história real foi puro drama e perigo.

Continua após a publicidade

No espaço, o traje de Leonov inflou demais e ele mal conseguia se mover. Sofreu para voltar à nave. Depois, o sistema automático de pouso falhou, e os cosmonautas só conseguiram acioná-lo na órbita seguinte, descendo numa floresta gélida e remota. Os dois passaram a noite espantando lobos, até serem resgatados. Segundo e último voo da Voskhod.

Voando a cada dois ou três meses, as missões Gemini ajudaram os EUA a tomar a dianteira na corrida espacial.

Cinco dias depois, em 23 de março de 1965, a Nasa lançaria o primeiro voo tripulado do Projeto Gemini. A bordo da Gemini 3, os astronautas Virgil “Gus” Grissom e John Young deram três voltas ao redor da Terra. Dali para a frente, os americanos finalmente começariam a tomar a dianteira na corrida para a Lua.

Continua após a publicidade

Na Gemini 4, em 3 de junho de 1965, Edward White II faria a primeira caminhada espacial americana. E, numa sequência de voos em rápida sucessão, a Nasa foi matando vários desafios para a futura viagem lunar. As naves Gemini 6 e 7 fizeram um encontro no espaço, e a Gemini 8 realizou a primeira acoplagem espacial da história, ao se conectar a um propulsor Agena.

A missão, conduzida em 16 de março de 1966, tinha como comandante um tal de Neil Armstrong, e sua perícia como piloto foi essencial. Logo após a acoplagem, um propulsor lateral travou ativado e começou a rotacionar a cápsula, que chegou a girar a uma revolução por segundo. Armstrong teve de usar o sistema de retorno para recuperar o controle antes que ele e seu colega David Scott desmaiassem, e aí não houve outra escolha senão abortar a missão.

SI_GeminiVoskhod_2
Ed White, que realizou a primeira caminhada americana. (Divulgação/NASA)

Voos subsequentes fizeram acoplagens tranquilas e, na Gemini 11, Charles “Pete” Conrad Jr. e Richard Gordon Jr. usaram o Agena para elevar a nave a uma altitude de 1.374 km, cruzando um dos cinturões de radiação gerados pelo campo magnético terrestre e mostrando que os astronautas não teriam problemas em cruzá-los, a caminho da Lua. Isso era uma incógnita e uma preocupação na época (temia-se pela saúde dos tripulantes). O programa foi encerrado com a Gemini 12, num voo iniciado em 11 de novembro de 1966. Nele, a Nasa descobriu o seu mais hábil “caminhante espacial”: Edwin “Buzz” Aldrin.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

ABRILDAY

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 1,99/mês*

Revista em Casa + Digital Completo

Receba Super impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
A partir de 14,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$23,88, equivalente a 1,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.