Hubble confirma que os cosmos está se expandindo mais rápido do que se pensava
E não é pouco. Entenda melhor como isso acontece e o que isso significa em números
Na quarta-feira (24), o telescópio Hubble completou 29 anos e divulgou uma imagem inédita da Nebulosa Caranguejo do Sul. Mas essa não foi a única surpresa que ele trouxe. Foi publicada outra novidade: o telescópio espacial detectou que o Universo está se expandindo mais rápido do que se acreditava. Mais exatamente, 9%. Os dados foram publicados pelo Astrophysical Journal.
O impacto dessa informação, porém, é bem maior do que a pequenez do número sugere. Segundo os pesquisadores, pode ser que uma nova física seja necessária para compreender o ritmo de expansão do Cosmos.
Vamos começar pelo início. No momento do Big Bang, toda a matéria do Universo estava concentrada em um ponto infinitamente pequeno e denso – numa “singularidade”, no jargão da física. O Big Bang foi a expansão desse pontinho, originando tudo que está à sua volta neste momento: esta tela, a Terra, a galáxia de Andrômeda. Essa expansão segue firme até hoje.
Acontece que o Universo não está se expandindo a uma velocidade constante. Na verdade, ele está acelerando, e ninguém sabe exatamente o por quê. As novas observações do Hubble, de qualquer forma, podem dar uma ideia do quão rápido estamos nos distanciando de nossos vizinhos cósmicos.
Os astrônomos detectam as velocidades de expansão das galáxias medindo a variação da luz que elas emitem. Quanto mais nítidas as imagens, melhor a estimativa sobre as velocidades de afastamento. Ao obter imagens melhores de 70 estrelas da Grande Nuvem de Magalhães, uma galáxia vizinha à nossa, o Hubble conseguiu aferir de forma mais precisa a aceleração do Universo.
As medições do telescópio espacial indicam o seguinte: para cada 3,3 milhões de anos-luz de distância que uma galáxia qualquer está de nós, ela aparenta estar se a afastando daqui a 266 mil quilômetros por hora. Mas o que isso significa?
Pense na galáxia M 87. É aquela cujo buraco negro no centro acabou se ganhar um retrato. Ela está a 53 milhões de anos-luz daqui. Antes das novas observações do Hubble, a M 87 aparentava se distanciar a 3,87 milhões de km/h. Agora, sabemos que o pique real da fotogênica galáxia é um pouco maior: ela se afasta a 4,27 milhões de km/h.
Note que não se trata de uma velocidade constante. Quanto mais longe qualquer galáxia fica, mais rápido ela se afasta. Daqui a zilhões de anos, quando a M87 estiver a 1 bilhão de anos-luz, ela estará se a afastando a estonteantes 80 milhões de km/h.
Os objetos mais distantes que conseguimos observar se afastam bem mais rápido. A galáxia GN-z11, a mais 13 bilhões de anos-luz, foge da gente quase tão rápido quanto um raio laser: 99% da velocidade da luz (que, pela notação de velocidade que estamos usando neste texto, é de 1,07 bilhão de km/h). Nota: caso haja astrônomos na GN-z11, quem está se afastando à velocidade da luz somos nós.