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Humanos chegaram à Austrália bem antes do que se pensava

Cinco mil anos mais cedo, pelo menos, de acordo com novas evidências arqueológicas

Por Guilherme Eler
20 jul 2017, 09h22

Tudo começou no leste da África, há pelo menos 300 mil anos. É fato que os primeiros Homo sapiens relutaram uns bons milhares de anos até deixarem sua casa original e expandir seus domínios a outros cantos do planeta. Mas, quando o fizeram, não pararam mais: depois de estrearem o continente asiático há 80 mil anos, rapidamente se encaminharam para as terras do sul. Chegar à Oceania e perambular pela Austrália foi consequência.

Segundo o consenso científico atual, isso teria acontecido entre 47 e 60 mil anos atrás. Mas um novo estudo, publicado pela revista Nature, trouxe evidências que adiantaram essa data de ocupação. Ao longo de três anos de escavações, pesquisadores coletaram 11 mil indícios que comprovam a presença humana em território australiano há pelo menos 65 mil anos.

“Nova Guiné e Austrália foram formadas em um período em que o nível dos mares estava muito baixo. Então, eles podiam acessar o continente por um desses países”, declarou Chris Clarkson, líder do estudo, ao Newsweek.

As evidências encontradas incluem substâncias usadas para pintura, restos mortais, vestígios de fogueiras e várias ferramentas de pedra lascada. Do conjunto, destaca-se uma machadinha primitiva: estima-se que ela seja pelo menos 20 mil anos mais antiga que qualquer outra já encontrada. Tudo foi descoberto entre 2012 e 2015 no sítio arqueológico de Madjedbebe, norte da Austrália, por um grupo de arqueólogos australianos.

Para determinar com precisão a data de aniversário de cada um destes itens, os pesquisadores utilizaram técnicas avançadas de datação – uma delas, a chamada luminescência opticamente estimulada. Ela é capaz de determinar a última vez que um grão de areia foi exposto à luz do Sol. Aplicando o método aos artigos de pedra, pode-se saber o momento em que eles estavam nas mãos de nossos ancestrais, antes de serem completamente cobertos de terra.

Além de demonstrarem as habilidades complexas que nossos antepassados artesãos já possuíam, esses objetos também podem servir para explicar sua dispersão entre os continentes – e os impactos que essa colonização teve. “Os humanos chegaram aqui bem antes do que se pensava. Isso nos dá certeza de que eles deixaram a África há mais tempo, para viajar por sua longa jornada pela Ásia – e do sudeste da Ásia, para a Austrália”, contou Clarkson, em entrevista ao The Guardian.

Se hoje a Austrália é famosa pelos animais exóticos que possui, na época não era nada diferente. Com a nova data de colonização, fica claro que os primeiros aborígenes tiveram de conviver mais tempo com os monstrinhos da megafauna australiana. Para esses ancestrais, ter bichos como wombates do tamanho de um carro popular e outros marsupiais gigantes no quintal de casa foi algo comum por um bom tempo. Dessa forma, ganha força a teoria de que a presença humana tenha contribuído com as mudanças climáticas severas do período para a extinção em massa desses animais, há 40 mil anos.

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