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Isto é o que acontece quando um pão fica na água por duas semanas

Como dá para imaginar, o resultado não é lá muito agradável. E não adianta nem jogar fora a parte comprometida: os fungos estragam tudo já no terceiro dia

Por Guilherme Eler
Atualizado em 11 mar 2024, 17h53 - Publicado em 13 dez 2017, 18h18

Quase ninguém perde tempo analisando a embalagem das comidas que compra, é verdade. É só ali, porém, que estão especificações vitais como composição, nutrientes e modo adequado de conservação do produto. No caso do famoso pão de forma, dá para dizer que esse último tópico é especialmente importante de se frisar. Ainda que a expiração da data de validade seja inevitável, guardar o alimento em um local seco e arejado ajuda a prolongar bastante sua vida útil e aquele aspecto fofinho que você tanto gosta de provar todas as manhãs, claro.

O que acontece é que, eventualmente, o cuidado com o armazenamento fica aquém do ideal, dando a deixa para os micróbios iniciarem seus trabalhos. Quem mais costuma fazer a festa são os fungos: eles são os primeiros a atacar o alimento e, caso ninguém entre em seu caminho, acabam cobrindo tudo com aquele verde-mofo desagradável em poucos dias, inviabilizando por completo a comida.

O quadro só piora quando a água em excesso entra em cena. Se um pouquinho de umidade no canto do armário já é suficiente para causar um bom estrago, o que aconteceria se uma fatia de pão ficasse em contato direto com uma superfície molhada? O canal GPhase, especialista em fazer time-lapses de natureza para o YouTube, foi atrás da resposta e observou o processo por 16 dias. O resultado é esse aqui que você pode assistir abaixo.

Não demora muito para que os fungos espertinhos cheguem pelo ar e comecem a dar as caras no pão. A região central da fatia é a primeira a receber a visita do bolor, que, no início da segunda semana, já deixou o carboidrato impraticável até para os mais corajosos.

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O caminho até a perda total, no entanto, é gradativo — o que poderia fazer um ou outro desavisado dar um jeito de tentar aproveitar o alimento. Até o dia 5, pelo menos, a tática de retirar o pedacinho comprometido e mandar para dentro o resto pode até parecer razoável. Porém, a verdade é que o pãozinho em questão deveria ser descartado já no terceiro dia de experimento.

Não tem nada a ver com excesso de cautela: o momento em que começamos a ver a camada esverdeada é o sinal de que os fungos já assumiram o controle completo da situação. Isso quer dizer que, ainda que você tenha o cuidado de mandar parte uma para o lixo, não se livrará dos micróbios assim tão fácil.

A parte não visível dos fungos, no fim das contas, importa tanto quanto a imagem feia que eles são capazes de causar. Abaixo das colônias de cor verde-musgo vive um complexo sistema de ramificações, conhecido como hifas. Em comidas mais rígidas, como os queijos ou salames, a capacidade de penetração desses raminhos é pequena. Já no caso daquelas mais molengas, como frutas, vegetais e o pãozinho de cada dia, elas acabam se fincando no fundo dos alimentos, como verdadeiras raízes.

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O que os olhos não veem o coração não sente? Não exatamente. O problema de mastigar esses proto-fungos é que eles podem carregar consigo micotoxinas, substâncias tóxicas que tem o poder de causar infecções severas, diarreias e vômitos. E você nem precisa colocar o pedaço estragado na boca para ter uma amostra disso tudo: os esporos dos fungos, quando respirados, também podem causar complicações respiratórias.

Sim, a indústria dos alimentos conseguiu domar os fungos e utilizá-los para diferentes aplicações. O fato de existirem queijos e cervejas que usam desses micróbios, no entanto, não nos autoriza a ignorar por completo sua existência. Afinal, a tarefa de identificar no olho qual fungo é boa praça e qual vai estragar sua saúde é impossível até para um micologista. Então, para que uma bela fatia não seja, por dentro, um pão bolorento, o melhor é se manter sempre alerta — e jogar fora qualquer alimento flagrado em atitude minimamente suspeita.

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