Abril Day: Assine Digital Completo por 2,99

Lago que ja foi o 4º maior do mundo se tornou um deserto, revela relatório

O lago perdeu 60 mil quilômetros quadrados de cobertura nos últimos 60 anos. O motivo tem a ver com um antigo projeto de engenharia da União Soviética.

Por Manuela Mourão
9 fev 2025, 12h00

Até 1960, o quarto maior lago do mundo era tão grande que foi chamado de Mar de Aral. Ele se estendia do norte do Cazaquistão ao sul do Uzbequistão. Mas tudo começou a mudar naquela década

O lago, que até então cobria 68 mil km quadrados, foi se enxugando. Em 2015, 3 milhões de pessoas foram afetadas pela seca no local. Agora, em 2025, um relatório sugere que apenas 8 mil km quadrados de água ainda existem no lago. O resto do espaço, do um dia fez parte de um dos maiores corpos de água do mundo, é o deserto Aralkum.

Alguns pesquisadores já vêm pesquisando as consequências da redução da água. Estudos descobriram que a arenização do espaço quase duplicou a poeira atmosférica da região entre os anos de 1984 e 2015. De 14 milhões de toneladas métricas de pó, o número chegou aos 27 milhões.   

 

“É certamente um dos maiores desastres ambientais do mundo”, disse Ibrahim Thiaw, Secretário Executivo da Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação, no ano passado.

Continua após a publicidade

O lago é uma bacia endorreica – ou seja, não tem saída até o mar. Dois rios fluíam das montanhas até o Mar de Aral, chamados Amu Darya e Syr Darya, que forneciam respectivamente 38,6 milhões e 14,5 milhões de km cubicos de água anualmente ao lago. Eles foram redirecionados para irrigar cerca de 7 milhões de hectares de plantações de algodão da União Soviética. 

A irrigação em grande escala funcionou entre 1960 e 1990. Isso reduziu rapidamente o volume de água do lago, que eventualmente se dividiu em dois e conectou suas centenas de ilhas às margens ao redor.

A concentração de salinidade na água restante superou o nível do oceano, destruindo a maior parte da vida nativa e colapsando o ecossistema local. Hoje, mais da metade das 300 espécies de plantas, 319 espécies de pássaros e 70 espécies de animais que um dia existiram no Mar acabaram migrando  ou foram extintas. Isso destruiu os meios de subsistência dos moradores locais, como a pesca.

Continua após a publicidade

Além disso, a exposição do antigo leito do lago diminuiu a qualidade do ar das cidades que estão a até 800 km de distância do Mar, e contribuiu para a aceleração do derretimento glacial da Montanha Pamir. Plantações por perto também sofreram, pois as chuvas espalharam o sal presente no solo do lugar.

A areia do deserto Aralkum também é tóxica: ela resulta da união entre o escoamento de testes de armas químicas da URSS e agrotóxicos das práticas agrícolas que secaram o Mar de Aral.

Todos os anos, mais de $100 milhões de dólares são perdidos devido ao novo deserto. Por isso, os planos de reflorestamento da área se intensificaram na última década. Em 2017, o governo do Uzbequistão criou um projeto de “cinturão verde”, que cobriria 70 quilômetros do leito seco do lago com vegetação para conter a dispersão de sal e poeira. De acordo com o relatório, o governo pretende reflorestar toda a porção dessecada do Mar de Aral em uma década.

Continua após a publicidade
Compartilhe essa matéria via:
Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

ABRILDAY

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 2,99/mês*

Revista em Casa + Digital Completo

Receba Super impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
A partir de 14,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$35,88, equivalente a 2,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.