Duas equipes americanas aprenderam como cultivar em laboratório células de embrião humano isoladas do organismo do qual faziam parte. Os autores da proeza, uma das maiores da Biologia nesta década, foram os americanos John Gearhart e James Thomson, das Universidades Johns Hopkins, em Baltimore, e de Wisconsin, em Madison. “É um resultado fantástico”, afirmou Thomson à SUPER. Ele explica que cultivou as chamadas células troncos, peças fundamentais no desenvolvimento do feto. Elas são as sementes que dão origem ao fígado, aos neurônios, ao coração e demais partes do corpo. A meta de Thomson e Gearhart agora é obrigar as células troncos a fazer a mesma coisa em laboratório. Se conseguirem, será como criar uma linha de montagem de órgãos para transplante. Thomson diz que não vê problema ético nesse tipo de pesquisa porque só utiliza embriões que não teriam mesmo chance de vingar. “No laboratório, eles prestam um importante serviço à ciência”, pondera ele.
Receita vital
Com os nutrientes certos, as células continuam a se reproduzir em laboratório.
1. As células troncos são retiradas de um embrião minúsculo, com apenas alguns dias de idade.
2. No laboratório, elas sobrevivem recebendo um caldo de proteínas especiais, chamadas fatores de crescimento.
3. Depois, as células são separadas. Algumas delas, se ainda estivessem no embrião, formariam neurônios (foto à esquerda).
4. Outro grupo cultivado no laboratório é o das construtoras do intestino.
5. O terceiro conjunto é o das que, se não fossem isoladas, gerariam o coração.
6. No futuro, a expectativa é fabricar tecidos que possam ser injetadas num órgão doente, como o coração, reparando partes danificadas.