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Livros peludos: cientistas descobrem material bizarro de capas medievais

Historiadores imaginavam que esses volumes eram forrados com peles de veados ou javalis. A espécie verdadeira é bem mais bizarra.

Por Eduardo Lima
10 abr 2025, 18h07

Antes da invenção da prensa de Gutenberg, livros eram artigos de luxo, complicados de se fazer. Os monges copistas passavam semanas, até meses, escrevendo o texto a mão, com desenhos e iluminuras charmosas. Então, as páginas eram costuradas e envoltas por uma capa, muitas vezes feita de couro.

Agora, uma análise de DNA inédita de 32 livros revelou que as peles usadas para revestir muitas dessas obras eram de origem exótica: focas caçadas entre os séculos 12 e 13. Essa matéria-prima era vendida por comerciantes escandinavos que iam atrás dos animais nas águas geladas do Atlântico Norte.

As descobertas foram publicadas no periódico Royal Society Open Science. Antes, os pesquisadores imaginavam que esses tijolões os códices pesavam dezenas de quilos, o maior já encontrado alcançava 75 kg eram forrados com peles de veados ou javalis.

Esses manuscritos, precursores dos livros atuais, ainda não eram feitos de papel: as páginas eram de pergaminho, um tipo de couro. Daí a dor nas costas.

 

Livros luxuosos e discretos

A investigação dos pesquisadores começou na biblioteca da Abadia de Clairvaux, em Champanhe, na França. Ela armazena cerca de 1.450 livros medievais produzidos pela ordem católica dos Cistercienses. O foco do estudo foi analisar as obras produzidas entre 1140 e 1275.

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Depois de análises químicas e genéticas da matéria-prima das capas dos livros, os cientistas descobriram que todos aqueles volumes eram encadernados com pele de pinípedes, família de mamíferos aquáticos que inclui as morsas, os leões-marinhos e as focas.

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Em Clairvaux, eles acharam 19 desses livros. Outros 13 volumes encadernados com pele de foca foram encontrados em abadias na França, Inglaterra e Bélgica. As descobertas indicam que, entre 1150 e 1250, os livros peludos eram comuns entre os monges católicos.

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Eles conseguiram identificar as espécies de focas que tiveram suas peles usadas em oito das capas de livro. Os pesquisadores também descobriram que os animais vinham de regiões geográficas diversas, desde a Groenlândia até a Escandinávia, passando por Islândia, Escócia e Dinamarca.

Além da possibilidade do comércio das peles, é possível que algumas tenham sido doadas como dízimo para a Igreja Católica. Todos esses livros foram feitos por monges cujas abadias estavam em rotas de comércio conhecidas da Europa do século 13, o que explica como esses materiais incomuns chegavam nas mãos dos livreiros.

No caso dos cistercienses, responsáveis por muitos desses livros, as preferências estéticas também são importantes para entender a escolha pela pele de foca. Eles gostavam da cor branca e de um luxo discreto, o que faria sentido no caso das focas. Os beneditinos, outra ordem religiosa dos católicos, gostava de capas mais escuras para os livros.

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É possível que os monges gostassem muito da pele das focas para encadernar livros, mas nem soubessem que animal era que eles estavam usando: na época, não havia um termo para se referir a esses mamíferos aquáticos em francês.

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