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Pergaminho medieval revela primeiro mapa conhecido do céu noturno

O documento contém parte do famoso catálogo de estrelas de Hiparco, astrônomo que viveu há mais de dois mil anos. Entenda.

Por Luisa Costa
21 out 2022, 20h06

Hiparco, que viveu de 190 a.C. a 120 a.C., é muitas vezes considerado o maior astrônomo da Grécia Antiga. Historiadores acreditam que ele foi o primeiro a mapear estrelas pelo céu inteiro, criar modelos dos movimentos do Sol e da Lua em relação à Terra e descobrir a precessão do nosso planeta – um fenômeno que consiste na lenta oscilação do eixo de rotação (ele se desloca um grau a cada 72 anos).

Pesquisadores procuram o tal catálogo de estrelas de Hiparco, o primeiro mapa conhecido do céu noturno, há séculos. Agora, uma equipe de pesquisadores da França e do Reino Unido diz ter encontrado parte dele escondida em um pergaminho medieval. O estudo foi publicado no Journal for the History of Astronomy.

O manuscrito veio de um mosteiro na Península do Sinai, no Egito, mas a maioria de suas 146 folhas são agora de propriedade do Museu da Bíblia, nos Estados Unidos. As páginas contêm textos cristãos escritos nos séculos 10 e 11, mas o documento é um palimpsesto: um pergaminho cujo texto foi raspado para que pudesse ser reutilizado.

Peter Williams, pesquisador da Universidade de Cambridge (Reino Unido), e seus estudantes queriam descobrir quais textos antigos estavam escondidos no pergaminho. Para isso, analisaram as páginas em 2017 usando a técnica de imagem multiespectral, que consiste na criação de imagens de um mesmo objeto a partir de diferentes comprimentos de ondas eletromagnéticas (com raio-X ou infravermelho, por exemplo).

Eles encontraram material astronômico em nove páginas e descobriram (com a datação por radiocarbono e pelo estilo do texto) que as páginas provavelmente foram escritas nos séculos 5 ou 6. Entre elas, estão mitos sobre a origem das estrelas, partes de um poema do século 3 a.C. que descreve as constelações e informações sobre a Coroa Boreal.

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Os pesquisadores acreditam que estas informações são de Hiparco por conta da forma que elas estão expressas – e de sua precisão. A equipe ainda estudou as coordenadas indicadas no pergaminho e descobriu que as observações foram feitas por volta de 129 a.C. – época em que o astrônomo grego estava na ativa.

Eles calcularam isso a partir do fenômeno da precessão: essa oscilação do eixo da Terra implica na mudança lenta da posição aparente das estrelas no céu. O gif abaixo ajuda a entender melhor o fenômeno:

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via Gfycat

Segundo Victor Gysembergh, autor principal do estudo, as imagens multiespectrais de palimpsestos abrem uma nova fonte de textos antigos. “Só na Europa, existem milhares de palimpsestos nas bibliotecas. Este é apenas um caso, muito empolgante, de uma possibilidade de pesquisa que pode ser aplicada a milhares de manuscritos com descobertas incríveis todas as vezes”, explica à revista Nature.

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