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Mapa 3D mais detalhado da Via Láctea confirma que nossa galáxia é deformada

As bordas da Via Láctea são um pouco tortas. Só que agora podemos ver a deformação em três dimensões.

Por A. J. Oliveira
Atualizado em 2 ago 2019, 19h24 - Publicado em 2 ago 2019, 19h23

Em fevereiro, a SUPER divulgou um estudo pioneiro que havia descoberto algo que, até então, ninguém imaginava: a Via Láctea, nossa querida galáxia, não é o disco plano e achatado que sempre nos mostraram. Ela é um pouquinho distorcida nas beiradas, mais parecida com a letra S que com a I. Agora, uma segunda pesquisa independente da outra chegou à mesma conclusão — só que entregou junto um belo de um brinde.

Nada mais, nada menos que o mapa tridimensional mais detalhado da Via Láctea. Diferente do que já tinha sido feito antes, desta vez os cientistas não usaram medidas indiretas como a observação de gás ou de objetos em outras galáxias para mapear a nossa. A técnica, mais precisa, envolveu dados que consideram somente a distância de estrelas individuais. Sabe aquela brincadeira de ligar os pontos? É quase isso, só que em proporções cósmicas.

vialactea
(Jan Skowron/OGLE/Astronomical Observatory, Univ. Warsaw/Divulgação)

Os pesquisadores da Universidade de Varsóvia, na Polônia, usaram como base uma classe de estrelas chamadas de cefeidas, bem maiores e mais massivas que o Sol. São especiais para os astrônomos pois servem como uma fita métrica para medir distâncias no Universo. Elas pulsam com periodicidade regular, e essa variação de luminosidade bem definidas permite calcular com precisão quão longe esses astros estão da Terra.

Tamanha riqueza de detalhes do novo mapeamento só foi possível por que a equipe usou um número grande de Cefeidas no estudo: mais de 2,4 mil. Quando mais pontos para ligar, maior é a “resolução” do mapa 3D. Os poloneses usaram dados do Experimento Ótico de Lentes Gravitacionais, um telescópio do Observatório Las Campanas, no Chile. Sozinho, ele dobrou a quantidade de Cefeidas conhecidas pelos astrônomos.

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Também passaram muito tempo monitorando o mesmo conjunto de estrelas — seis anos. Comparadas com o Sol, podem ser até 100 mil vezes mais brilhantes. Os astrofísicos mediram quanto tempo levava o pulso delas. Um pulso mais lento indica que a estrela é mais brilhante, e com essa informação é possível descobrir seu brilho real. Depois, basta comparar com o brilho aparente (conforme observado da Terra) para chegar à distância.

O mapa em três dimensões revelou claramente o formato de S, com as extremidades do disco da Via Láctea distorcidas. Além de questões referentes à forma, o levantamento também vai permitir aos astrônomos conduzir estudos para entender melhor a evolução da galáxia e obter insights sobre grupos específicos de estrelas. Mais uma vez, o cosmos nos mostra que há beleza e naturalidade nas coisas tortas.

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