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Meio cisne, meio velociraptor: descoberto dinossauro ‘anfíbio’

Cientistas acreditam que o bicho, o primeiro que se tem notícia a transitar entre terra e água, era meio pinguim, também. Mas não ia caber no título

Por Guilherme Eler
Atualizado em 7 dez 2017, 18h09 - Publicado em 7 dez 2017, 16h35

“Colcha de retalhos” é provavelmente a expressão que mais se aproxima de definir a existência do Halszkaraptor escuilliei. Não seria para menos: seu pescoço de ganso, o bico de pato, dentes de crocodilo, garras nas patas e asas que o faziam nadar como um pinguim falam por si só. O curioso é que esse jeitão exótico não está apenas na aparência. Acredita-se que esse dinossauro “anfíbio” seja o primeiro exemplar não-aviano a se dar bem tanto no ambiente aquático quanto no terrestre.

Seu fóssil foi retirado ilegalmente do um sítio arqueológico de Ukhaa Tolgod, na Mongólia, e passou pelas mãos de colecionadores do Japão, Reino Unido e França até chegar às mãos de pesquisadores em 2015 e ser descrito em um estudo científico, publicado recentemente na revista Nature.

De tão bizarro, o time de paleontólogos demorou a se convencer sobre o caráter inédito da nova espécie – porque acharam que aquilo não podia ser um bicho só. A princípio, acreditava-se que a evidência poderia pertencer a diferentes espécies de animais, reunidas em uma única peça pela ação do tempo, mas análises a partir de microtomografia de múltiplas resoluções (um tipo muito preciso de raio-x) revelou que se tratava de um único esqueleto incrustado na rocha.

Estima-se que a espécie tenha vivido entre 71 e 75 milhões de anos atrás na região norte da Mongólia, contemplada atualmente pelo Deserto de Gobi mas que, no passado, contava com rios e até mesmo lagos.

Era nesses ambientes aquáticos da região que o H. escuilliei buscava sua principal forma de sustento. Graças às garras afiadas que possuía nos pés, eles conseguiam caçar peixes com certa facilidade mais ou menos como fazem as garças, em um de seus rasantes.

“Nós sabíamos da existência de dinossauros que comiam peixe, especialmente o espinossauro (aquele que mata o tiranossauro no Jurassic Park 3), mas não acreditávamos que ele pudesse nadar”, disse Paul Tafforeau, um dos autores do estudo, em entrevista à AFP.

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Os dentes curvos ajudavam a segurar as presas e o pescoção, característica comum também a aves e répteis, garantia uma visão privilegiada em ambientes aquáticos compensando seu tamanho relativamente pequeno, estimado em cerca de 1,2 metro.

E as semelhanças com esses dois grupos animais não param por aí: segundo o estudo, o novo dino tinha sistema neurovascular semelhante ao de crocodilos e caraterísticas como esqueleto e cauda curta que o aproxima dos pássaros atuais. Como um bom integrante do grupo dos dromeossaurídeos portanto, parente dos velociraptors a nova espécie também usava suas patas traseiras para correr em ambiente terrestre.

Por ironia do destino, o H. escuilliei teve pouco tempo para explorar toda a sua versatilidade em diferentes ambientes. Assim como toda a fauna do Período Cretáceo, a espécie foi para a vala há cerca de 65 milhões de anos, levando embora seus estranhos superpoderes. As combinações que deram origem ao dinossauro são exóticas, é verdade, mas seria um pecado chamá-las de “falha” da evolução. Só um pequeno momento de embriaguez, quem sabe.

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