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Mentir é mais fácil em outra língua

O estudo incluiu todo tipo de pergunta e constatou que os voluntários eram mentirosos melhores quando não falavam em sua língua nativa

Por Felipe Sali
24 jul 2018, 16h51

Se um dia você estiver numa situação em que precise mentir para salvar a vida, esperamos que isso aconteça em outro país. Um estudo conduzido por psicólogos da Universidade de Würzburg e publicado na última edição do Journal of Experimental Psychology mostrou que mentir em outro idioma é mais fácil do que na língua nativa.

Os pesquisadores realizaram testes onde 50 pessoas completavam tarefas específicas. Eles pediram que os voluntários respondessem algumas perguntas sinceramente e mentisse em outras, tanto no idioma materno quanto na sua segunda língua. Algumas perguntas eram neutras, como “Berlim fica na Alemanha ou não?”, outras tinham um apelo mais emocional, como “Você trabalharia como modelo nu?”.

Analisando os resultados, os cientistas constataram que as pessoas demoravam mais tempo para formular uma mentira na língua nativa do que em uma estrangeira. E era pior ainda se a questão fosse polêmica, como “Você já usou drogas pesadas?”. A pessoa esgasgava – o que acaba gerando contraste enorme com as perguntas mais neutras. Afinal, qualquer um vai responder rapidamente uma pergunta como “Você nasceu na Groenlândia?”, mesmo que a resposta seja mentira.

Com esses delays na língua nativa, ficava fácil de manjar quem estava mentindo e quem estava falando a verdade. Agora, se a entrevista era conduzida em outra língua, os tempos de resposta eram bem mais padronizados, independente da pergunta.

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Ao primeiro olhar, esse resultado parece contraintuitivo. Afinal, mentir exige uma carga cognitiva maior do que falar a verdade. Adicione a isso o esforço de usar outra língua – e, teoricamente, você esperaria que a atividade ficasse ainda mais difícil. Então por que é mais fácil mentir em “gringuês”?

Uma das explicações é o que os pesquisadores chamam de “distanciamento emocional” gerado por falar outra língua. Existem evidências, por exemplo, de que até as características de personalidade de uma pessoa podem mudar quando ela troca de idioma.

De alguma forma, a língua nativa parece ter uma associação mais forte com a nossa “identidade”. Quando, portanto, optamos por falar um idioma estrangeiro, nos distanciamos dela – ou pelo menos, é o que apontam outras pesquisas. É possível, até, que a própria falta de intimidade com a língua deixe o processo de mentir muito menos emotivo e mais racional – o que acaba melhorando a sua performance desonesta como um todo.

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