Mito: Criança que ouve música clássica vira um adulto mais inteligente
Ouvir Mozart pode até relaxar, inspirar e destravar a criatividade. Mas não é ouvindo sinfonias que seu filho vai virar um gênio
Os pesquisadores Gordon Shaw e Frances Rauscher, da Universidade da Califórnia em Irvine, nos EUA, resolveram testar o mito de que música clássica – especialmente a obra de Mozart – seria capaz de desenvolver e fortalecer a inteligência. Colocaram 36 alunos para ouvir 10 minutinhos de uma sonata. Em seguida, submeteram todo mundo a um teste. E descobriram que o QI (quociente de inteligência) dos estudantes estava, em média, 8 pontos acima do valor aferido antes da audição. Incrível, não?
Acontece que o “efeito Mozart” constatado pelos cientistas nada tinha a ver com aumento de inteligência. O que a música promoveu, segundo o próprio Rauscher, foi a melhora de desempenho dos alunos em certas tarefas envolvendo raciocínio espacial e temporal. O motivo? Bem… Essa resposta o pesquisador ficou devendo. Curioso: nenhum outro cientista conseguiu replicar o experimento – não, pelo menos, com os mesmos resultados. Tudo leva a crer, portanto, que o aumento de QI verificado nos alunos de Shaw e Rauscher tenha sido mero acaso.
Música clássica não faz mal a ninguém. Ao contrário! Ela pode relaxar, inspirar, desatar as amarras da criatividade. E isso vale também para crianças. Mas nada indica que ela seja capaz de transformar seu filho num adulto mais inteligente. Rauscher acredita que a melhor maneira de unir a música ao desenvolvimento mental dos pequenos seja incentivá-los a tocar um instrumento. Esse, sim, é um fato, já comprovado pela ciência: o aprendizado musical ajuda a desenvolver concentração e coordenação motora.