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Esqueça o verde: pesquisadores propõem busca por vida alienígena roxa

Na falta de luz visível e oxigênio, é possível que micróbios extraterrestres produzam um pigmento roxo chamado bacterioclorofila.

Por Maria Clara Rossini
Atualizado em 25 abr 2024, 15h45 - Publicado em 24 abr 2024, 14h13

Se você pedir para qualquer criança desenhar um alien, ela provavelmente começará pegando um lápis verde. A ideia de extraterrestres como homenzinhos verdes está no imaginário popular desde pelo menos os anos 1940, quando alguns autores de ficção científica passaram a descrever os visitantes de outros planetas dessa forma.

Até que faz sentido associar a cor verde à vida – já que esse é o pigmento da clorofila, presente nos organismos que fazem fotossíntese. Mas isso não seria regra para outros planetas. Pesquisadores do Instituto Carl Sagan, da Universidade de Cornell, sugerem que seria mais útil procurar por vida alienígena (e microscópica) da cor roxa.

Os argumentos estão em um artigo publicado na Monthly Notices of the Royal Astronomical Society. Os autores levam em conta planetas que possuem pouco oxigênio e luz visível – impossibilitando a fotossíntese “clássica” que aprendemos nas aulas de biologia. 

Em alguns locais aqui na Terra, bactérias usam radiação infravermelha como fonte de energia para a fotossíntese anoxigênica – ou seja, sem oxigênio. Em vez de verde, esses organismos produzem um pigmento roxo chamado bacterioclorofila.

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É possível que esse mesmo processo role fora da Terra – principalmente considerando que já detectamos mais de 5.500 exoplanetas, sendo 30 deles semelhantes ao nosso mundo. Caso bactérias ou outros organismos roxos estejam dominando a superfície de um planeta, eles produziriam uma espécie de “assinatura” de luz específica, que poderíamos detectar por meio de telescópios avançados.

“Precisamos criar uma base de dados para possíveis sinais de vida, para garantir que nossos telescópios não percam eles caso a vida não se pareça com o que encontramos todos os dias”, disse Lisa Kaltenegger, diretora do Instituto Carl Sagan, em depoimento.

Uma luz roxa emitida por algum planeta poderia ser confundida com um mineral, por exemplo. Daí, um possível sinal de vida extraterrestre passaria batido pelos pesquisadores que analisam os dados dos telescópios 

Para evitar que isso aconteça, os autores do novo artigo estão catalogando as cores e assinaturas químicas que diferentes organismos e minerais apresentariam caso fossem detectadas em um exoplaneta.

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A equipe coletou amostras de 23 bactérias púrpuras sulfurosas (que produzem enxofre em vez de oxigênio durante a fotossíntese) e não sulfurosas aqui da Terra. Elas são encontradas em vários ambientes, desde águas rasas a fontes hidrotermais profundas.

As bactérias que são referidas no geral como “roxas” também têm outros pigmentos, como amarelo, laranja e vermelho. Isso dá outros tons aos diferentes tipos de bactérias, o que justifica esse mapeamento. O ponto em comum é que elas sobrevivem em ambientes com luz infravermelha e não produzem oxigênio como produto da fotossíntese.

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