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Nasa dá sinal verde para Lucy: a sonda que vai explorar 7 asteroides

Com lançamento previsto para 2021, a missão deve durar 12 anos – e passar um pente fino nos pedregulhos que acompanham o planeta Júpiter

Por A. J. Oliveira
24 out 2019, 17h30

Entender a formação do Sistema Solar é um grande desafio para os astrônomos. De lá para cá, mais de 4,5 bilhões de anos se passaram e, aqui na Terra, os vestígios dessa época remota se perderam por completo. As antigas crateras da Lua e o estudo de outros sistemas estelares nos dão pistas mais sólidas. Mas, ainda assim, certas lacunas permanecem sem resposta.

Para obtê-las, cientistas planetários da Nasa desenvolveram uma missão sem precedentes na história da exploração espacial. Cada detalhe da sonda Lucy e das investigações que ela vai conduzir foi pensado para revelar as origens do Sistema Solar, incluindo detalhes sobre a formação dos planetas exteriores e, possivelmente, até mesmo o surgimento do material orgânico e da vida na Terra. Tanto que o próprio nome do projeto é bastante simbólico.

Assim como o fóssil de Lucy, hominídeo que viveu há 3,2 milhões de anos, ensinou muita coisa aos paleontólogos a respeito das raízes da humanidade, a missão Lucy promete fazer o mesmo — só que com a história do nosso sistema planetário. E ela acaba de passar por uma etapa muito importante em sua caminhada até a plataforma de lançamento: um painel de especialistas da Nasa aprovou na última sexta (18) o projeto final da missão.

Com o sinal verde obtido na “revisão crítica de design” (CDR, na sigla em inglês), o time envolvido recebeu a confirmação de que os desafios técnicos foram resolvidos de forma satisfatória. Agora eles podem prosseguir com a fabricação de fato dos componentes e do hardware da espaçonave, em preparação para o lançamento previsto para outubro de 2021. Será o início de uma longa e promissora jornada pelo Sistema Solar.

Ao longo de seus 12 anos de vida operacional, a Lucy vai passar por sete asteroides que são verdadeiras relíquias do material primordial que formou os planetas. Seis deles fazem parte de uma classe de pedregulhos misteriosos chamados troianos: eles giram em torno do Sol em sincronia com Júpiter. Dividem a mesma órbita com o gigante gasoso — um grupo à frente, outro atrás. A Lucy deve investigar exemplares de ambos os grupos.

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Depois de lançada, ela vai fazer dois sobrevoos pela própria Terra para ser impulsionada pela gravidade do nosso planeta. Seu primeiro encontro com um asteroide ocorrerá em abril de 2025, quando passará por um alvo intermediário no Cinturão de Asteroides, entre as órbitas de Marte e de Júpiter. Ele inclusive foi batizado em homenagem a Donald Johanson, um dos paleontólogos que descobriram o esqueleto da Lucy em 1974 na Etiópia.

Vai ser um aquecimento para o estudo dos primeiros quatro troianos, integrantes do grupo dianteiro, cujos encontros devem ocorrer em agosto de 2027, setembro de 2027, abril de 2028 e novembro de 2028. Depois desse período bem produtivo, a sonda embarca em mais alguns anos de viagem em direção ao Sol. Até que, no caminho de volta dessa órbita, ela vai estudar uma dupla de troianos na traseira de Júpiter, em 2033. Será o grand finale.

Essa missão tão longeva e com imenso potencial é, além de tudo, econômica — vai custar só US$ 450 milhões. Isso é pouco para algo dessa envergadura. Faz parte de um programa da Nasa para missões de baixo custo chamado Discovery, que inclui a pousadora InSight, de Marte, o telescópio caçador de exoplanetas Kepler, a sonda Messenger, para Mercúrio, e a Dawn, que explorou o planeta anão Ceres e o asteroide Vesta. Avante, Lucy!

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