Assine SUPER por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Nasa vai usar balão do tamanho de um estádio para estudar formação de estrelas

O balão manterá um telescópio suspenso a 40 km de altitude no céu da Antártica – de onde ele observará a galáxia M83 e dois berçários de estrelas na Via Láctea.

Por Bruno Carbinatto
Atualizado em 24 jul 2020, 17h46 - Publicado em 24 jul 2020, 17h37

Um telescópio de 2,5 metros de comprimento é a mais nova aposta da Nasa para desvendar os segredos da formação de estrelas no Universo. Para isso, porém, o aparelho vai precisar de uma “ajudinha” de um balão inflável do tamanho de um estádio de futebol.

A missão em questão é a ASTHROS, que está prevista para decolar em Dezembro de 2023, na Antártica. O projeto do Jet Propulsion Laboratory (JPL) da Nasa prevê que o telescópio passe três semanas no céu do continente gelado, observando fenômenos que se desenrolam a milhares de anos-luz da Terra.

O principal diferencial do novo equipamento, segundo a equipe, é que ele consegue captar luz no espectro infravermelho – são ondas eletromagnéticas mais compridas que as do espectro visível, que nossos olhos enxergam. O problema é que, caso o telescópio fosse implantado no nível do solo, a espessa atmosfera da Terra acabaria bloqueando uma parcela valiosa dessa radiação.

É por isso que o aparto será levado aos céus por um enorme balão de hélio – que, quando completamente cheio, terá 150 metros de diâmetro. Essa estrutura gigantesca ficará flutuando na estratosfera, a uma altitude de mais ou menos 40 quilômetros – o que é quase quatro vezes a altitude mais comum para um avião de passageiros. O tamanho monumental é exatamente o que permite que essa bexiga cósmica alcance uma altitude tão grande.

Note, porém, que a ASTHROS não alcançará oficialmente o espaço aberto (que começa a mais ou menos a 100 km da superfície terrestre, quando a atmosfera se torna imperceptível de tão rarefeita).

Continua após a publicidade

Em seu voo, o telescópio ASTHROS vai observar quatro regiões do espaço pré-definidas. Duas delas são áreas de intensa formação estelar na nossa galáxia, a Via Láctea. A missão conta com um instrumento que consegue medir a velocidade e mapear o movimento dos gases em torno de uma estrela recém-formada, além de conseguir detectar e mapear a presença de íons (átomos eletricamente carregados) na região, o que permitirá entender melhor o processo de nascimento desses astros.  

Além dessas duas regiões, a missão vai investigar a Galáxia Messier 83 (ou Galáxia Catavento do Sul), que é conhecida por sua intensa atividade de supernovas (violentas explosões de estrelas moribundas, sem combustível). O entendimento atual dos astrônomos é de que essas explosões, ao expelir um bocado de material em suas redondezas, perturbam a formação de estrelas jovens. Mas as previsões teóricas ainda não são corroboradas por muitas observações desse fenômeno acontecendo na prática.

A última das quatro espiadas do telescópio será na TW Hydrae, uma estrela jovem semelhante ao nosso Sol que está cercada por um denso disco de poeira e gás, onde acredita-se que planetas estejam sendo formados. O ASTHROS vai conseguir mapear a distribuição de massa de material na região, e assim identificar os pontos onde a massa está concentrada, apontando exatamente a localização desses planetas.

Continua após a publicidade

Tanta tecnologia avançada envolvida pode parecer até não combinar com um “simples” balão, que pode ser percebido como um tipo antiquado de locomoção. Bobagem: há 30 anos a Nasa tem seu Programa de Balões Científicos, que lança entre 10 e 15 missões por ano para auxiliar experimentos da agência em todo o mundo.

Projetos com balões tem várias vantagens, em especial um custo mais baixo se comparado com missões que usam naves espaciais. Além disso, eles são planejados e postos em prática em um tempo bem menor. Por esses motivos, missões com balão geralmente permitem que cientistas ousem mais e arrisquem novas tecnologias que não poderiam ser colocadas em prática em missões caras.

“Missões de balão como o ASTHROS são de maior risco que missões espaciais, mas resultam em recompensas grandes a um custo modesto”, explicou, em comunicado, Jose Siles, gerente de projeto da missão. “Com o ASTHROS, nosso objetivo é fazer observações astrofísicas que nunca foram tentadas antes. A missão abrirá o caminho para futuras missões espaciais, testando novas tecnologias e fornecendo treinamento para a próxima geração de engenheiros e cientistas”.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Super impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 12,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.