Novo tipo de estrela dá pistas sobre a misteriosa origem dos magnetares
Magnetares são estrelas mortas que não viram buracos negros – mas ainda assim possuem fortes campos magnéticos. Novo estudo pode ajudar a entender como eles se formam.
Por mais incrível que possa parecer, todo o nosso conhecimento sobre a vida, o universo e tudo o mais compreende aproximadamente 5% de todo o cosmos. E mesmo dentro desses 5%, ainda existem muitos mistérios e perguntas que tiram o sono dos cientistas dia (e principalmente) noite.
Um novo estudo, porém, parece ter jogado uma luz (ba dum tss) em um dos maiores enigmas até os dias de hoje: a origem dos magnetares.
Magnetares nada mais são do que estrelas de nêutrons com um grandioso campo magnético. O magnetar é o objeto celeste com o maior campo magnético no universo, ou, em outras palavras, o magnetar é como um imã gigante.
Geralmente, é o resultado de estrelas mortas, que no fim de seu ciclo de vida, colapsam. Quando essa estrela é massiva o suficiente, ela vira um buraco negro. Quando não, ela vira um magnetar.
A observação desse processo é algo bastante difícil, mas uma equipe internacional de astrônomos conseguiu encontrar uma estrela, ainda viva, que caminha a passos largos para virar um magnetar no futuro.
Os pesquisadores utilizaram telescópios espalhados por todo o mundo e o Observatório Europeu do Sul (ESO), e assim puderam analisar com maior cuidado a estrela, chamada de HD 45166.
Apesar dessa estrela não ser exatamente nova (os astrônomos a observam por pelo menos 100 anos), o que sempre intrigou os cientistas foram seus traços únicos. Ela por estar viva, ainda apresentava hélio em sua composição, mas possuía uma coisa um tanto incomum: um campo magnético bastante forte.
Além de um sinal de que ela na verdade é muito mais do que se aparentava, a observação marcou uma nova descoberta: a identificação de estrelas de hélio magnéticas maciças.
“É empolgante descobrir um novo tipo de objeto astronômico, especialmente quando ele esteve escondido o tempo todo”, disse Tomer Shenar, pesquisador da Universidade de Amsterdã e líder do estudo.
Para ter certeza sobre essa descoberta, Shenar e sua equipe utilizaram um instrumento capaz de detectar e medir campos magnéticos, no Telescópio Canadá-França-Havaí. Eles somaram os dados obtidos com alguns arquivos coletados no Espectrógrafo Óptico de Alcance Estendido Alimentado por Fibra (FEROS) no Observatório de La Silla do ESO, no Chile.
Os resultados mostraram que a estrela possui um campo magnético tão grande, que tornou a HD45166 a estrela maciça mais magnética que se tem notícia. “Toda a superfície da estrela de hélio tem um campo magnético quase 100.000 vezes mais forte do que o da Terra”, explica o coautor Pablo Marchant, astrônomo do Instituto de Astronomia da KU Leuven na Bélgica.
Os pesquisadores calcularam que muito provavelmente, essa estrela se tornará um magnetar no fim de sua vida, dando mais pistas sobre a formação desse fenômeno. Ao colapsar em sua própria gravidade, a estrela se tornará tão densa e compacta, que seu campo magnético poderá atingir a força de cerca de 100 trilhões de gauss (para grau de comparação, o daqui da Terra equivale a 0,65).
Podemos ainda estar longe de descobrir e entender todos os segredos e fenômenos espalhados pelos cosmos, mas descobertas como essa nos deixa um pouco mais próximos de conseguir descobrir por que 42 é a resposta para tudo.