O fim do sofrimento
E, não raro, o tratamento compete em incômodo com a doença, certo? Pense melhor e você verá que isso é um tanto injusto.
Marcos Nogueira
Com poucas exceções, todos gostam de médicos, mas ninguém se sente muito confortável num consultório ou num hospital. Se admiramos aqueles que salvam nossas vidas – ou, no mínimo, trabalham duro para que nos sintamos melhor -, geralmente os procuramos apenas quando estamos doentes. E, não raro, o tratamento compete em incômodo com a doença, certo? Pense melhor e você verá que isso é um tanto injusto. Não faz tanto tempo assim, a expectativa de vida das pessoas não passava dos 40 anos, cirurgias eram feitas sem anestesia e qualquer problema de saúde era motivo para uma sangria ou uma lavagem intestinal. Os avanços das ciências médicas nos últimos 100 anos só não se comparam aos que devem vir nos próximos 100. Já não é delírio sonhar com uma época em que todos, desde o nascimento, terão sua carga genética analisada e corrigida para enganar de antemão os mecanismos perversos do câncer, do diabetes, do mal de Alzheimer. Até lá, ainda há um longa estrada a ser percorrida.
No caminho, surgirão drogas inteligentes, feitas sob encomenda para cada indivíduo e cada microorganismo. Terminará a escassez de órgãos e sangue para doação, com o aparecimento de substitutos orgânicos, eletrônicos e mistos. Chegará ao fim o sofrimento causado por agulhas, serras e toda a sorte de instrumentos que cortam, furam, incomodam. E, se os esforços da ciência na luta contra o tempo derem certo, eu e você viveremos o bastante para assistir à concretização de vários desses sonhos. A gente se vê lá, então!